terça-feira, 21 de setembro de 2010

Qual é a coisa mais generosa que você já fez?

Vendi tudo o que tinha e dei o dinheiro para a família. Hoje não tenho nada em meu nome e vivo só do salário do mês, que, aliás, nem dá para as despesas. Em minha vida toda sempre gastei todo o meu dinheiro com a família e nunca fiz poupança nenhuma. A unica coisa em que gastei meu dinheiro, além de comida, foi em minha biblioteca, que doarei ao povo. Nada deixo de herança em termos materiais. A este respeito, escrevi este poema:

Minha Herança

Às vezes quedo absorto,
olhando longe o vazio,
pensando a vida passada,
lembrando os anos vividos.

Será que foi proveitosa?
Será que deixo saudade?
Será que parto sem mágoa?
Será que fui bem amado?

À minha posteridade,
filhos da carne e da lousa
e aos por amor adotados,
quero passar minha herança.

Na vida não fiz fortuna
nem deixo bens de valor,
nada que valha dinheiro,
nada que seja poupança.

Mas deixo meu horizonte.
A vista descortinada,
do mundo belo e fraterno,
dos homens em harmonia.

Deixo a fé no trabalho,
orgulho da coisa bem feita.
Deixo a honra e a modéstia
de ter sido verdadeiro.

E a luta cotidiana,
contra toda hipocrisia,
A peleja altaneira
prá acabar a vilania.

E a ternura escondida
pela gente mais sofrida.
A raiva bem merecida,
da soberba presunçosa.

Derrotas acachapantes
frente ao vil e prepotente,
são folhas edificantes
de uma vida merecida.

Mas algo passo adiante
a toda a posteridade:
A flama da esperança
na tocha da humanidade.

Levem adiante sem medo
prá que essa luz poderosa
do bem, saber e justiça,
alto vá resplandecer.

E as trevas da ignorância,
os freios da iniquidade
e a peste da malqueirança
não mais poder hão de ter.

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