sábado, 25 de setembro de 2010

Quando um ser humano deixa de se ver como tal, assumindo uma anomia que o desconecta relativamente de sua identidade e de seu ego, o que o senhor acredita que possa ser feito como prevenção e solução desse problema, além da procura de ajuda médica?

Tais tipos de problema, isto é, de inadequação à vida, precisam ser atacados de três frentes: médica, psicológica e filosófica. A abordagem médica permite identificar distúrbios orgânicos, de ordem psíquica, que têm que ser tratados por medicamentos. Mas não só. Uma abordagem psicológica é importante para identificar a origem da anomia ou outra afecção psíquica. A conscientização do problema é um grande passo para sua solução. A abordagem filosófica faz ver à pessoa o modo correto de se encarar a vida, seu significado e a visão do mundo mais plena de sabedoria que se deve ter. Há uma quarta abordagem, que prefiro evitar, que é a religiosa. Nesta se faz ver à pessoa que ela deve conformar-se com sua vida por ser um desígnio de Deus e que, assim o fazendo, tem garantida sua salvação eterna. Isto é uma enganação, mesmo que possa surtir efeito. Não se pode mentir para a pessoa. Não há nada disso. A filosofia fornece consolação muito mais eficaz, sem mentira nenhuma. Suportar as vicissitudes da vida é algo que se precisa fazer porque o significado da vida é muito mais elevado do que a maior parte dos dissabores. A vida é um bem preciosíssimo e deve ser preservada e cultivada de forma a que tenhamos a consciência de que estamos dela fazendo uso em proveito do bem geral. Todavia, nos casos extremos, o recurso ao suicídio não deve ser descartado. Mas, veja bem: é um recurso extremo, que só deve ser tomado após se ter esgotado todas as demais possibilidades, como também no caso da eutanásia.

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