sábado, 26 de março de 2011

O que te convenceu da inexistência de Deus?

Fui católico convicto e tinha o ideal de ser santo. Então aprofundei-me no estudo da doutrina católica. Minha índole, contudo, também me levou a estudar muita física, cosmologia, filosofia, biologia, história. Isto desde garoto. No antigo ginásio (atualmente as séries finais do Ensino Fundamental) eu já estudava nos livros de história da faculdade que o meu pai tinha e já tinha devorado um tratado de filosofia tomista (Theobaldo Miranda Santos). Estudava também outras religiões, especialmente o budismo. Vi, então, que a fé é algo inteiramente despropositado. Isto é, não se pode considerar que qualquer proposição seja verdadeira simplesmente porque assim é dito, sem provas, em algum livro ou por alguma autoridade. Mesmo que isto seja dito por muita gente ao longo de muito tempo. Então eu teria que saber que Deus existe e não crer.

Aí entraram meus estudos científicos. Comecei, no ginásio, com a coleção "Enciclopédia Juvenil", da Record, que meu pai me presenteava todo mês (ainda os tenho). Eram livros de divulgação sobre corpo humano, expedições científicas, física atômica, química, astronomia, eletricidade, viagens espaciais, invenções, medicina, música, telecomunicações, meteorologia, acústica, paleontologia, engenharia e coisas assim (http://www.traca.com.br/livro/134937/enciclopedia-juvenil-em-38-volumes). Outro livro que me marcou foi "O Livro da Natureza", de Fritz Kanh, em três volumes, da Melhoramentos. sobre os temas: espaço, tempo, força, matéria, firmamento, terra, vida, vegetal, inseto, animal, homem e átomo. Já no científico eu peguei autores do gabarito de Bertrand Russell, Einstein e Infeld, Fred Hoyle, George Gamow, James Jeans, e companhia. Então eu já estava resolvido a fazer Física, mas acabei cursando Matemática, pois meu pai não tinha como me manter em Belo Horizonte, eu já começara a trabalhar e em Barbacena tinha Matemática.

Esses estudos me fizeram ver que tudo no Universo tinha uma explicação natural e não se fazia necessário a suposição de nenhum Deus para explicar nada. O que ainda não tivesse explicação, um dia o teria. É claro que isto não excluia a possibilidade da existência de Deus, mas não a exigia. Por outro lado comecei a observar que orações eram algo inteiramente inócuo. Não resolviam nada, Deus não dava resposta nenhuma. Os pedidos atendidos o eram por coincidência, mas a maioria nunca eram atendidos, para ninguém. Os crentes diziam que não se podia contestar os desígnios divinos e que tudo o que acontecia é porque Deus queria. Ora, então esse Deus seria tremendamente perverso, pelo tanto de maldades que ele determinava que fossem feitas. Mas... poderia ser que Deus existisse e não fosse bom.

De fato não seria mesmo, pois, ao invés de perdoar a humanidade pelo pecado original, exigiu o sacrifício expiatório de seu próprio filho, em tormentos atrozes, para se sentir aplacado da ira contra aquele pecado. Se ira é um pecado, então Deus também é um pecador. A redenção de Jesus Cristo é a prova cabal da perversidade de Deus. Além disso, o problema da existência do mal, levantado por Epícuro, demonstra inequivocamente que, se existir Deus, ele é malévolo.

Os argumentos a favor da existência de Deus, como o ontológico, o cosmológico, o da perfeição do Universo e vários outros se me revelaram completas falácias. O Universo não é perfeito coisa nenhuma. Se fosse não haveria doenças e catástrofes, aleijados nem retardados. Isto é, além de malvado, Deus seria um incompetente. Não seria mais fácil admitir logo que não existe Deus nenhum? Essa foi a conclusão a que cheguei lá pelos vinte anos de idade e, desde então, tudo o que leio e percebo só me reforçam essa convicção.

Ask me anything (pergunte-me o que quiser)

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