sexta-feira, 25 de março de 2011

Você sempre cita "eventos sem causa", mas acho complicado atribuir a ausência de causa a um evento, pois esta "incausalidade" não pode ser causada pelo desconhecimento de todas as variáveis envolvidas no fenômeno ou de alguma causa oculta ou nao prevista?

Porque seria? Porque achar que tem que ter uma causa que não se conhece, se se investigou tudo que poderia ser a causa e não se encontrou? Porque supor que causa seja uma necessidade? O que leva a esta consideração? A única razão para se dizer que eventos tenham causa é que isto é observado num grande número de casos. A conclusão de que seria válido para TODOS os casos é uma indução. Uma indução nunca é garantida, pois nunca se pode observar todos os casos, inclusive os futuros. De fato, em nível macroscópico, observa-se causa para todos os eventos. Mas em nível microscópico, isto é, subatômico e nuclear, não. Por mais que se procure o que desencadeia o decaimento de um átomo excitado para um nível inferior com emissão de fóton, não se vê a razão. A excitação é uma condição, isto é, uma situação que possibilita o decaimento, mas não o determina. O átomo pode ficar indefinidamente excitado ou decair a qualquer momento. A informação que se tem é apenas estatística, ou seja, qual a distribuição de número de decaimentos após um certo tempo. Isto dá a meia vida e a vida média. O mesmo ocorre com a radioatividade. Em quântica não se tem nada determinado, só probabilidades. Assim é a natureza. Os eventos elementares, na maioria são fortuitos. Mas podem ser causados, com se dá com o raio laser. O importante é que a causalidade não é uma exigência, mas uma particularidade. No caso macroscópico, os eventos são a conjugação de inúmeros eventos microscópicos. Isto leva a probabilidade a se concentrar, o que dá a aparência de determinismo e pode assim ser chamado mesmo. Mas, mesmo macroscopicamente, a aleatoriedade funciona. Não fora assim o mundo seria um mecanismo de relojoaria, sem a mínima possibilidade de escolha. Maktub! Cientistas, como Bohm, tentam preservar o determinismo com a adição do conceito de "variáveis ocultas". Mas não pegou, devido a incongruências. A natureza é, de fato, probabilística. Exigir causa é um preconceito do senso comum macroscópico do homem. É preciso abrir a mente para a incausalidade, o indeterminismo e a aleatoriedade. Nossa própria vida é conduzida muito mais pelo acaso e pelas coincidências do que por nosso planejamento. Isto é facilmente perceptível. Alguns acham que tudo é governado por um pretenso "destino". Não há evidência nem comprovação nenhuma desse tal de "destino". Contudo é uma hipótese infalseável, de modo que fica por conta da crença.

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