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segunda-feira, 21 de abril de 2014
Oque você tem a dizer sobre a Fé ?
Para mim é um despropósito. Não vejo razão nenhuma para acolher alguma crença que não se fundamente em fortes indícios de veracidade. Claro que, se houver evidências ou provas, não é crença e nem é fé: é conhecimento. Crença é a suposição de veracidade em afirmações não evidentes e nem comprovadas. Isso é admissível e, mesmo, inevitável, mas com duas condições: A primeira é de que haja indícios fortes de veracidade. A segunda é que tem que ser provisória e disposta a revisão, uma vez encontradas evidências, provas, ou mesmo, indícios em contrário. A fé, no caso, a religiosa, não se fundamenta em indícios fortes e nem se dispõe a ser contestada, dentro de seu arcabouço. Ou seja, se alguém a contestar, está excluído da comunidade dos que comungam de tal fé. Por outro lado, há uma necessidade psicológica humana de encontrar razão para a existência do mundo e sentido para a vida. Como o conhecimento não provê nem essa razão nem esse sentido, é normal que as pessoas se aferrem a propostas que, mesmo implausíveis, lhes conferem. Uma das grandes provas do despropósito da fé é a sua característica de não poder ser critério de validação de verdade. Não se pode considerar que nenhuma afirmação possa ser dita verdadeira porque nela se creia com fé, pois há pessoas sinceras e convictas em sua fé em proposições inteiramente díspares e, mesmo, conflitantes, contrárias ou contraditórias. Ora, como a verdade, por definição, tem que ser única, não é possível que afirmações diferentes sobre algo possam ser, todas, verdadeiras. Ou só uma o é, ou nenhuma. Como decidir? Certamente que não pode ser pela fé. E como não há comprovações e nem evidências sobre esse tipo de assertivas, o mais sensato é considerar que todas são falsas, até que provas ou evidências apareçam e as afirmações passem ao estatuto epistemológico de conhecimento. Mesmo o conhecimento, contudo, sempre é provisório.
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