quinta-feira, 26 de março de 2015

Qual a diferença do pensar do cientista para o do filósofo?‎

O cientista busca construir modelos explicativos da realidade fática, seja física, química, biológica, psicológica, social, política, econômica ou o que seja. Ele busca esquemas de relações entre as ocorrências, bem como explicações para o modo como se estruturam os sistemas de cada um desses níveis da realidade. Tais modelos explicativos têm que ser capazes de prever o comportamento do sistema em estudo, dadas que sejam as condições e o que force o sistema a sofrer alguma transformação. O modelo, pois, precisa ser testado em confronto com a realidade e só é legítimo se o que ele prevê esteja de acordo com o que, de fato, aconteça. Assim o método científico de formular explicações possui duas fases. A primeira é a de se propor um modelo e a segunda de se testar o modelo. A formulação de hipótese se baseia nos conhecimentos já existentes e na intuição do cientista, advinda de uma série de observações e experimentações realizadas sobre a questão. O teste da hipótese se faz considerando situações em que só a explicação proposta seja capaz de dar conta do que acontece, de modo que sem a interveniência da razão explicadora, o fenômeno não ocorra. Em Filosofia a situação é outra. Não há propriamente um fenômeno ou uma estrutura a ser explicada, na realidade objetiva, isto é, fora das mentes. Os fatos e as coisas de que trata a Filosofia são abstrações. Por exemplo, não se cogita das causas de algum fenômeno, mas do fato de causa ser ou não uma necessidade. Não se cogita de medir o tempo, mas do significado do que seja o tempo. Não se cogita de alterar os cromossomos de um ser para provocar uma evolução artificialmente projetada, mas do que significa que algo seja vivo ou não. Então o tipo de raciocínio que se tem que fazer não é como o da ciência, mas sim uma "especulação", isto é, uma proposta de explicação não advinda de observações e experimentações empíricas, mas de uma articulação racional de pensamentos, isto é, de um raciocínio. De qualquer modo, o que se deseja e que as explicações filosóficas sejam fechadas, isto é, que deem conta de explicar e o façam de modo unívoco, isto é, de modo que outras alternativas de explicação sejam rejeitadas. Nem sempre se consegue tal intento e a busca disso é uma das principais tarefas do filósofo.

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