sexta-feira, 5 de maio de 2017

Professor. Embora eu seja ateu como você, considero que existem diversos bons ensinamentos em algumas religiões. Atualmente, considero o Dalai Lama como uma das figuras mais sensatas entre os religiosos do mundo. Seus pensamentos são todos voltados para a bondade. Concorda comigo?

Sem dúvida há muito que seja proveitoso nas religiões, especialmente o seu trabalho caritativo e de apoio e conforto das pessoas em suas vicissitudes. Todavia isso pode muito bem ser feito sem as religiões, por meio de uma atividade humanista puramente secular. O problema é que as religiões, ao fazerem isso, remetem à intervenção de entidades fictícias, às quais as pessoas acabam creditando os resultados benéficos obtidos, mas não os maléficos ou os inócuos. Nisso é que consiste a maldade das religiões. Os ensinamentos éticos do Dalai Lama são excelentes, todavia eles são inseridos no contexto de se livrar do ciclo de sansara, o que é inteiramente ilusório. O budismo, sem os aspectos supranaturais, é uma boa escolha de religião. Mas o que ele tem de bom, como o que as demais também têm, pode perfeitamente ser cultivado em uma concepção de espiritualidade puramente humanística, que não inclua as noções de divindades, espíritos e nem de alma imortal. Nesse sentido recomendo a leitura dos livros "Despertar", de Sam Harris, "O Espírito do Ateísmo", de Andre Comte-Sponville e "Religião para Ateus" de Alain de Botton.

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