terça-feira, 9 de outubro de 2012

Não sei se você já viu esse documentário, mas caso não, valerá seu tempo dar uma olhada. É sobre poliamor. Comente sobre, se quiser. http://vimeo.com/23988620

Interessante. Não concordo em que ciúme seja algo que sempre aconteça ou que a sua falta seja falta de amor. De modo nenhum. Amor não requer ciúme algum. Poliamor não é uma prescrição. É uma possibilidade. E, como foi dito, tem a ver com uma sociedade colaboracionista e não competitivista. Uma sociedade de compartilhamento de tudo e não possessiva. Tem a ver com desprendimento e altruísmo. Com doação e não com aquisição. Em todos os aspectos: econômico, relacional e todos os outros. Poliamor absolutamente não é licenciosidade nem devassidão. Nem representa a menor diminuição do amor que se tem a cada uma das pessoas. É simplesmente a concepção do amor sem o menor sinal de possessividade. É o amor verdadeiramente doado. É querer o bem do ser amado, a sua felicidade, sem controlá-lo, sem possuí-lo. Não tenho fantasia nenhuma sobre isso. Trata-se de uma concepção de liberdade, que o monoamorismo compulsório exclui. Absolutamente não desvaloriza o amor, pelo contrário, valoriza-o mais ainda, no sentido que considera que ele pode ser ampliado e estendido. Limitar a expressão do amor é que é desvalorizá-lo, já que o sentimento é impossível de ser controlado. Poliamor não é só um amor fraternal, de modo nenhum. Claro que estou falando de amor erótico. Esse amor não requer possessividade nenhuma. Essa ideia é puramente cultural. Não é biológica. Amor altruísta não significa fraquejamento do sentimento amoroso em nada. O que não admite é o egoísmo no amor. Mas o egoísmo é, exatamente, o oposto do amor. Amor sensual, carnal, sexual, não requer exclusividade de modo nenhum. E isso não significa devassidão nem promiscuidade. Significa, apenas, que se ama a mais de uma pessoa, mas não a qualquer uma, apenas a quem se tem esse sentimento. Não precisa ser a um só de modo nenhum. Isso é tranquilo. E não é problema de personalidade nenhuma. Pode ser que a pessoa não gosta do compartilhamento simultâneo dos corpos. Então que se relacione com uma de cada vez. Considerar a possibilidade se se ter relacionamentos amorosos paralelos não significa que seja isso o que se queira para si. Se alguém não admite que a pessoa com quem se relaciona amorosamente tenha outra relação em paralelo, então não se relacione com ela, mas não precisa achar que quem o aceite aja erradamente. O que não posso aceitar é quem ache que pode ter mais de uma relação mas seu parceiro ou parceira não. Ou que não admita isso de modo franco e aberto mas considere a possibilidade de relações sub-reptícias. Sei de pessoas que têm amantes mas não admitem a poligamia. Ora, isso é o cúmulo da incoerência. Claro que o poliamorismo é imoral, pois a moral é o que se estabelece socialmente como aceitável ou não. Mas, nesse caso, a moral é que tem que ser revista, pois não se trata de nenhuma atitude anti-ética, e a ética é que diz o que seja certo ou errado. Errado é o que cause qualquer dor, prejuízo, malefício, sofrimento ou qualquer tipo de dano. O poliamor não causa nada disso, desde que os envolvidos estejam de acordo. Pelo contrário, causa alegria e felicidade. Então não deve ser considerado imoral e não o é, em algumas sociedades. E não se trata de demência nenhuma, pois é uma concepção que advogo há muitos anos, desde que me me tornei anarquista, em torno de meus 19 anos. Trata-se de um dos componentes do anarquismo, além da ausência de governo, de estado, de fronteiras, de propriedade, de dinheiro. E o anarquismo é a forma mais evoluída e civilizada de convivência humana, a que só chegaremos dentro de algumas centenas de anos, quando todos se despirem do egoísmo, da ganância, da possessividade, da competitividade e da preguiça e viverem uns pelos outros. Mas muitos aspectos do anarquismo já podem ser implementados, e um deles é a abertura para a aceitação da possibilidade de amores múltiplos simultâneos, já que os sequenciais já são admitidos. Não digo que isso tenha que ser uma prescrição, mas uma possibilidade aceitável para que o deseje. Que ninguém condene ninguém por agir assim. Que a sociedade aceite isso normalmente em seu seio. Que os que assim vivam possam frequentar a sociedade de modo franco a aberto, com seus múltiplos cônjuges e os filhos de todos vivendo em perfeita harmonia, respeito, lealdade e decência.

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