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quarta-feira, 28 de novembro de 2012
A religião desvirtua o ser humano impedindo um melhor convívio social ou é necessária desde que o indivíduo não aceite seus dogmas simplesmente porque está no "pacote"? Argumente.
Nem desvirtua nem é necessária. Mas é inconveniente. Pessoas que já possuem uma retidão de caráter, se religiosas, a manterão, como também se não o forem. Pessoas "do mal" assim o serão quer sejam religiosas ou não. Mas se o forem, é pior, pela incoerência. O interessante é que essa retidão, que consiste na disposição de ser bom e fazer o bem, é algo que não tem a ver com a religião. É uma convicção interna que faz a pessoa ser assim porque vê que é o que se tem que ser, independentemente de, com isso, ir para o céu ou evitar o inferno. Então assim ela o será, mesmo que não tenha crença religiosa. Nisso entram dois fatores: uma índole nata e um condicionamento educativo. A índole nata é muito forte, mas pode ser mudada pela interação com o ambiente e, certamente, não é desculpa para qualquer procedimento criminoso, exceto se for uma doença mental mesmo. Comportamento ético não é exclusividade religiosa. Pode-se tê-lo sendo ateu e, em verdade, muitos ateus são, até, mais éticos do que religiosos. O que dita isso é a filosofia, que as religiões incorporam. Mas não é o "temor de Deus" que dita o comportamento, mesmo que ajude. É a concepção, a "weltanschauung" que a filosofia embutida nas religiões promove. Mas que pode ser promovida sem elas, pela educação inteiramente laica. O inconveniente da moral de fundo religioso é vir acompanhada de ilusões a respeito da existência de entidades e situações imaginárias, como Deus, a alma, o céu e o inferno. Só vejo valor na ética de fundo religioso se ela provir de um sentimento de amor a Deus que leve a ser bom e a praticar o bem, mesmo que, com isso, se vá para o inferno. Então esse comportamento não será ditado pelas regras da moral e sim por um sentimento mais profundo do que o de obediência.
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