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quinta-feira, 29 de novembro de 2012
"Quando a inocência tem os olhos vazados, um cristão deve perder a fé ou aceitar que lhe furem os olhos." Concorda?
Discordo. Inocência não é uma boa coisa. Claro que é preciso mantê-la provisoriamente, até que a criança amadureça para poder ter contato com o mal sem se contaminar. Mas é preciso que seja ultrapassada um dia. Isso não tem nada a ver com fé, seja cristã, islâmica, judaica, hinduísta, budista, espírita ou qualquer outra. Tirar a inocência a respeito da fé em que se é criado e abrir a mente para outras possibilidades, bem como ver as incoerências e inconveniências da própria fé é ótimo para que se tome uma decisão consciente de permanecer nela, trocá-la ou rejeitar qualquer uma. E se se optar por alguma delas, que se a abrace inteiramente e paute sua vida pela própria santificação dentro dela. Caso contrário, é-se um hipócrita. Um cristão que não envide todos os esforços para ser santo não é cristão. Se não pretende ser santo, não diga que é cristão. Mas todos, tenham ou não fé, qualquer que seja, não se eximem da ética. Para isso é que acho que religião, ética e cidadania, bem como todos os outros ditos "temas transversais" do processo educativo (sexualidade, ecologia, preconceitos, intolerância, diversidade cultural, trabalho e consumo, saúde) têm que ser abordados no ensino básico de uma forma institucionalizada em disciplina, inclusive passível de reprovação. Mas religião tem que ser abordada de forma totalmente não doutrinária a favor de nenhuma e com a abordagem da história, das doutrinas, das coerências e incoerências e das vantagens e desvantagens de todas, incluindo as extintas, como a egípcia, a homérica, a órfica, o zoroastrismo e assim por diante.
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