quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Quais são as principais diferenças entre agnosticismo, empirismo, epistemologismo e ceticismo. Não encontrei fontes que me dessem uma definição clara, por essa razão faço a pergunta.

Esses são conceitos referentes ao conhecimento. Conhecimento é a formulação de juízos a respeito da realidade: sobre o que ela seja, porque assim o é, para que é como é, como acontece de ser. Esses juízos são expressos por proposições. Para o conhecimento ser válido é preciso que essas proposições sejam verdadeiras, isto é, que haja coincidência entre a realidade e o que se diz a respeito dela. A verdade dita "absoluta" seria essa perfeita coincidência. A verdade "relativa" seria o que se acha que seja a verdade, se a pessoa é sincera, isto é, o que ela diz está de acordo com as suas percepções e conclusões. Mas pode não estar de acordo com a realidade, se suas percepções ou conclusões forem incorretas. É uma verdade subjetiva. Uma pessoa pode, ao mesmo tempo, não estar mentindo nem dizendo a verdade, pois ela pode achar que está certa mas não estar. O problema é saber que critérios são necessários para aferir se alguma proposição seja verdadeira ou não. Muitas vezes não se consegue e não se tem a verdade absoluta. Mas pode se ter uma verdade "objetiva", como sendo um consenso entre as verdades subjetivas que, então, passam a ser independentes do sujeito que as afirma. Mas não é garantido que seja absolutamente verdadeiro. O conhecimento pode ser vulgar, científico ou filosófico. O primeiro é o que surge da apreensão direta do mundo e da reflexão sobre o que se apreende, sem um rigor metodológico de aferição. O segundo já surge da aplicação de testes rigorosos de verificação da aderência das proposições com a realidade, isto é, coisas e fatos. A terceira se assemelha à segunda mas a aferição não é feita por nenhum método de teste direto e sim por meio de reflexões. Epistemologia é, justamente, a parte da Filosofia que cuida de validar o conhecimento e de propor métodos para tal. O Empirismo é a concepção de que todo o conhecimento é levado à mente, em última instância, pelos sentidos, não havendo nenhum conhecimento aprioristicamente implantado na mente. Mesmo aquele que advenha de algum raciocínio, este se calca, ou na conclusão de um raciocínio prévio, ou nas informações que os dados da experiência sensorial fornecem. Note que há uma grande diferença em se dizer que algo seja evidente ou que seja lógico. Evidente é o que se verifica diretamente pela observação, lógico é o que se conclui por um raciocínio. O que é um não é o outro e vice-versa. A lógica garante a validade do raciocínio, mas não a veracidade da conclusão. Ela só será verdadeira se um raciocínio válido for aplicado a premissas verdadeiras. Note-se também que as definições não são passíveis de veritação, pois são meras convenções arbitrárias. Ou seja, dizer algo com uma nova palavra que resume uma série de características e propriedades. A veritação só se aplica a proposições que expressem juízos envolvendo relações entre o que seja independentemente definido. Antes de tudo é preciso ter a plena noção do significado dos termos da proposição, tanto de seus elementos substantivos e adjetivos, quanto dos verbos e advérbios que expressem as ações e relações entre os elementos substantivos. Porque Filosofia não é Gramática. O que importa não são as proposições, mas os juízos que elas estão expressando. Um conhecimento devidamente validado é dito "epistêmico". Epistemologismo é, pois, a concepção de que só se podem admitir conhecimentos epistêmicos. Todavia nem sempre isso é possível. Há muito conhecimento que é útil mas não está validado. Ele é dito "eudoxa". Ceticismo e agnosticismo são semelhantes. Há o ceticismo filosófico que consiste em considerar que não se pode nunca saber uma verdade de forma absoluta. E há o ceticismo científico ou metodológico que acha que se pode saber uma verdade de forma absoluta, mas não se sabe como garantir que já se a possui. Então envida esforços para procurar estabelecer o quanto uma proposição seja verdadeira, exatamente porque se duvida que seja. O agnosticismo é como um ceticismo, mas considera que nem se deve procurar saber se algo seja verdadeiro ou não, porque não há como. Só que o agnosticismo se aplica a cada categoria de conhecimento e não de um modo geral. Por exemplo, há o agnosticismo em relação à existência de Deus. Por ele não se pode saber se Deus existe ou não. Então se considera o assunto como uma opinião (doxa). Pode haver teísta agnóstico e ateu agnóstico. O contrário é o gnosticismo, que acha que se pode saber sim. O ateu gnóstico sabe que Deus não existe e o teísta gnóstico sabe que Deus existe. O cético duvida dos dois. O agnosticismo é mais um fato enquanto o ceticismo é uma postura.

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