quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Ora, se a ciência é uma invenção, por que acreditar então em seus postulados? Todo o conhecimento epistemológico adquirito até hoje não passa, então, de mera convenção? Se a verdade é inalcançável, por que tentar percrusta-la?

Porque, por meio do modelamento que se faz da realidade é possível prevê-la e controlá-la. E isso é o que se tem como "verdade". Essa "verdade" é feita de convenções, que são os conceitos e as definições. Mas as relações entre o que esses conceitos significam nos é dada pela própria natureza. Força é uma convenção, massa é uma convenção, aceleração é uma convenção, soma vetorial é uma convenção. Mas o fato de que a soma vetorial de todas as forças seja o produto da massa pela aceleração não é uma convenção. É uma lei empírica, verificada pelo comportamento da natureza. Assim se constrói a ciência. Se inventam conceitos e se definem grandezas arbitrariamente. Então se investiga como, na realidade objetiva, aquilo a que esses conceitos correspondem se relacionam. Quando digo que a realidade em si é incognoscível, o que estou dizendo é que não tenho acesso à "coisa em si", mas apenas ao que percebo dela e interpreto de acordo com as convenções que faço. Mas poderia ser que outras convenções tivessem sido feitas e, então, a ciência investigaria como elas se relacionariam. Daí as várias "teorias". Por exemplo, a Teoria da Relatividade Geral considera que a interação gravitacional seja um efeito inercial do movimento em um espaço-tempo (e não um espaço) curvo. Já a Teoria das Supercordas considera que a gravitação seja uma interação em um espaço-tempo plano. Aquela que apresentar mais coerência e maior adesão aos fatos observados será considerada o modelo explicativo mais verdadeiro. Mas é um modelo. Válido até que se descubra algo que ele não consiga explicar. Então tem que ser reformulado ou substituído. Essa é a grande beleza da ciência: nunca ser definitiva.

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