segunda-feira, 11 de novembro de 2013

De todo modo, o senhor assume a que o "certo e o errado" são objetivos (independente do nome que se atribua ao conceito de bem e mal, certo e errado)? Entendo que o senhor afirma que a Ética "se pretende" objetiva, mas há, na sua visão, alguma chance dela realmente o ser?‎ Николай

Esse é o mesmo caso da verdade. A objetividade na definição do que seja certo ou errado, bom ou mal, é uma meta a ser perseguida com afinco, sem nunca se ter a certeza de que foi alcançada. Mas é possível um balizamento geral que norteie essa busca. Bom seria o que provoque satisfação, alegria, lucro, prazer, felicidade e esse tipo de sentimento. Mau seria o que provocasse dor, tristeza, prejuízo, infelicidade, e coisas assim. Como a ética se prende a ações e não a seres, ações poderia ser classificadas como boas ou más por esses critérios. Mas é preciso entender que o que tem que considerar é a maximização da felicidade para o maior número de seres. Alguma ação pode ser benéfica a alguém em particular mas maléfica a muita gente. Então não é ética. Bem como visar o bem maior e não o particular. Arrancar um dente pode ser doloroso mas visa ao bem maior da saúde bucal. Outros dois aspectos a se considerar na eticidade das ações é o seu caráter universalista, isto é, se pode ser erigida como prescrição para todo mundo e seu caráter reflexivo, isto é, se é uma ação que gostaríamos de ser alvo. Mas isso não pode ser tomado de forma rígida. Cada caso tem que ser considerado individualmente. Um pai pode salvar um filho de um incêndio e, com isso, deixar morrer um número maior de pessoas do que se as salvasse e deixasse o filho morrer. Mas ele não estaria sendo anti-ético porque seguiu um instinto paternal muito forte. Moral, no entanto, é outro assunto. Apesar de, em tese, dever seguir as prescrições éticas, nem sempre o faz, mas segue o que os detentores do poder, normalmente, consideram que deva ser permitido ou proibido, em função de seus interesses. Assim há imoralidades que não ferem a ética e ações anti-éticas que não são imorais. A poligamia, em nossa sociedade, é imoral, mas não fere em nada a ética, se todos os envolvidos estiverem de acordo. Por outro lado, a lapidação de adúlteras, em algumas sociedades islâmicas, é moral, mas totalmente anti-ética. Como o assassinato de bebês defeituosos entre alguns índios.

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