terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Professor, apesar de ser um militante de um partido comunista, noto uma grande semelhança da corrente filosófica libertária que compactuo com o anarquismo e as concepções de Chomsky, porém, acredito na mediação do Estado para chegar-se à tão sonhada liberdade. Seria como a rev. anarco que acreditas?‎ Braian Robert Oliveira Batista

O movimento socialista, em seus primórdios, concebia uma sociedade ácrata e comunista. Posteriormente houve uma divergência entre Marx e Bakunin, o primeiro considerando que seria preciso um período transitório de "ditadura do proletariado", em que o socialismo seria imposto por um estado forte e o segundo considerando que a revolução deveria abolir o estado e o governo de vês. Outras concepções que apareceram foram as do socialismo democrático, instaurado sem revolução, com governo, o que é a Social Democracia, ou o anarquismo comunista, também implantado sem revolução. Meu ideal de sociedade para a humanidade é o anarco-comunismo não revolucionário, isto é, atingido por evolução e reformas, mesmo que envolvam rebeliões, mas não revoluções. Porque as revoluções requerem um poder forte dos vencedores para conter os vencidos. O que não é uma situação harmônica para a sociedade. Para mim, não é bom que se instale um socialismo na base da imposição de um estado de governo forte e não democrático. Isso é o oposto do libertarianismo. O caminho, para mim, é a gradual disseminação e fragmentação do capitalismo, de modo a tornar todo trabalhador um capitalista e o capital ser inteiramente distribuído, sem concentração nas mãos de ninguém. Enquanto isso vai acontecendo, que se promovam e incentivem atividades comunitaristas, isto é, de iniciativa coletiva, sem envolvimento de dinheiro, com o trabalho feito de graça, distribuído entre todos e o resultado também distribuído de graça. Isso pode valer para hortas comunitárias, refeitórios comunitários, lavanderias comunitárias, creches comunitárias, dormitórios comunitários, centros de lazer comunitários, bibliotecas comunitárias, escolas comunitárias. Aos poucos as atividades sociais ficam independentes dos governos e das empresas. Até que se possa prescindir totalmente do dinheiro e da propriedade. Isso implica, também, na extinção, sempre gradual, da noção de residência particular, de família mononuclear, de veículos particulares e, até, de roupas pessoais, com a implantação de vestuários coletivos. Outra coisa importante é a extinção das religiões, que são um grande obstáculo a esse projeto. Não que as pessoas não possam crer em Deus ou que possuam alguma alma, mas que não se filiem a organizações que compitam entre si pela detenção da verdade a respeito disso. As igrejas, sinagogas, mesquitas, pagodes e outros templos seriam transformados em museus, bibliotecas, teatros, cinemas, auditórios, ou outros locais de maior relevância para a sociedade.

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