Não existe "heteronormatividade". Com relação aos relacionamentos afetivos e sexuais, tudo é normal. A heterossexualidade, a homossexualidade, a bissexualidade, a assexualidade e a polissexualidade. O que não é normal é considerar que alguma delas não é normal. Quanto à mulher deixar de ser um "brinquedo sexual", ela não tem que deixar de ser, simplesmente porque ela não é, e nem o homem. Quem considera que seja é uma pessoa iludida, além de ser uma "besta quadrada". Isso vale para homens em relação a mulheres quanto para mulheres em relação a homens. Homens e mulheres são pessoas completas em todas as suas características, das quais o sexo é uma delas. Mas há muitas outras que fazem com que a pessoa seja quem é, isto é, sua personalidade, suas convicções, sua cultura, suas habilidades, seus sentimentos, suas posturas, suas atitudes, sua capacidade intelectual, sua força física, sua agilidade, sua beleza, sua generosidade (ou não) e uma série de características. A heteronormatividade tem que ser extirpada da cabeça dos imbecis que a consideram como válida e isso é o que acontecerá quando homens e mulheres se olharem de igual para igual em tudo. Inclusive em relação a qualquer tipo de dominância sexual. Sexo é para ser feito para não extinguir a humanidade, é claro, mas, principalmente, para dar prazer. Fazer sexo como instrumento de obtenção de outros favores que não o próprio sexo é inteiramente anti-ético. É maquiavélico. É uma perversidade. Sexo e amor não se vendem, não se compram, não se emprestam e não se trocam. Só se doam. Qualquer outro tipo de transação a respeito é vergonhosa, é ultrajante. Como pessoas que se casam pela fortuna ou pelo estatuto social do cônjuge. Isso é mais anti-ético do que a prostituição. Da mesma forma que a negação do amor e do sexo por qualquer razão que não simplesmente não sentir amor nem desejo. A sociedade tem que se abrir para o amor e o sexo inteiramente livres, francos, abertos e aceitos como válidos por todos, inclusive se for múltiplo. Isso não significa nenhuma promiscuidade, nenhuma devassidão, nenhuma libertinagem. Significa, simplesmente, admitir que uma pessoa possa amar profunda e sinceramente a mais de uma outra e que isso seja aceito por todos os envolvidos, com conhecimento, consentimento e sem traição e nem o menor ciúme.
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