Você, quando lecionava, abordava aspectos da história da ciência ou apenas o conteúdo propriamente dito?

Sempre abordei tanto a história quanto a filosofia e a metodologia da ciência, bem como aspectos éticos, políticos, econômicos, sociais, de relações humanas e tudo que pudesse se fazer uma contextualização com o que estivesse sendo abordado. Sempre busquei ensinar levando o estudante a descobrir por sua conta o que eu pretendia que ele aprendesse. Assim eu tinha a minha metodologia pedagógica, bem como a minha lógica e a minha dialética (entendida como a arte da argumentação e não sob o prisma hegeliano ou marxista). O livro texto ou a apostila, então, era meramente um roteiro para indicar o que deveria ser abordado. E, muitas vezes, eu alterava a ordem da apresentação dos tópicos para outra que eu considerava mais coerente. A abordagem das leis de Newton, por exemplo, eu sempre fiz por meio da argumentação de Mach, que é extremamente mais lógica e didática da que se usa nos compêndios do Ensino Médio. Outra coisa é que eu sempre dei fluxo de campo elétrico, que não é abordado no nível médio, mas facilita imensamente a compreensão, por exemplo, de capacitores. Da mesma forma que circuitação de campo magnético (a do elétrico é dada sob a denominação equivocada de "Força Eletromotriz", que o livro da Beatriz Alvarenga mudou para "Eletromotância", mas acabou não pegando). A "Magnetomotância", ou circuitação de campo magnético é essencial para o entendimento da indução eletromagnética e da geração de ondas eletromagnéticas, assunto que eu sempre cheguei a dar. Infelizmente não consegui, exceto na EPCAR (porque era parte do programa), abordar a física moderna (física estatística, relatividade, quântica, atômica, nuclear, do estado sólido, das partículas elementares, cosmologia). E isso é que é o verdadeiro núcleo de conteúdo da Física como ciência fundamental da natureza. Estudar física e não chegar a isso é como almoçar e ficar sem a sobremesa.