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segunda-feira, 12 de março de 2018
"... onde encontrarei o fogo de Prometeu para voltar a dar-te a vida? Se arrancar a flor da sua haste, como poderei restituir-lhe frescura e graça? (...)" (ATO V; CENA II). Ernesto, como explicar o ciúme dos vários Otelo da vida real? O ciúme pode ser evitado?
Pode, perfeitamente. O ciúme é uma questão de concepção de vida, de visão de mundo distorcida. É preciso que a pessoa se compenetre que ninguém é dono de ninguém. Que toda pessoa é completa e inteiramente livre e pode pensar, sentir e fazer o que quiser e resolver sem que ninguém possa dizer que possa ou não. É claro que se tem que impedir que se cometam crimes ou se façam maldades. Fora isso, tudo é permitido aos outros. Especialmente amar ou deixar de amar (inclusive, se for o caso, odiar) quem a pessoa queira. Não se pode, em absoluto, pretender que uma pessoa a quem amemos nos ame, se ela não amar. Ou, mesmo que nos ame, que ame exclusivamente a nós, se ela ama também a outrem. Se a pessoa se compenetrar que não é dona de ninguém, especialmente de quem ama, não sentirá ciúme, porque considerará que a pessoa amada pode amar a outrem sem problema. Isso é uma questão de cosmovisão amorística que tem que ser cultivada em prol da harmonia e da felicidade geral das pessoas. Quando se diz que o amor pode fazer sofrer, em verdade não é o amor e sim o fato de não se sentir amado. Amor é sempre fonte de alegria e a pessoa tem que se alegrar em amar, mesmo que não seja amada em retribuição. A cultura da maior parte das sociedades humanas criou a noção de exclusividade amorosa a partir de considerações, em verdade, econômicas. Todavia, numa concepção de que cada um tem que prover-se a si mesmo e ninguém seja dependente econômico de ninguém, exceto crianças e anciãos, que seriam providos por seus pais ou seus filhos, não há razão para querer nenhuma exclusividade amorosa e nem relacional. Assim pensando, concebe-se o amor totalmente libertário e, com isso, não se sofre por falta de amor ou por não exclusividade da dedicação amorosa de alguém a nós. Ciúme, realmente, não é nenhum sinal de amor e sim de egoísmo. E egoísmo é o pior de todos os vícios. É o mais grave pecado que se pode cometer. É o pai de todos os outros. Tem que ser extirpado do coração das pessoas. Todo mundo tem que ser completamente altruísta. Inclusive em admitir que seu amor possa, também, amar a outrem, sem nenhum ciúme. O pior é quando a pessoa nem sabe se seu amor ama a outrem, mas pensa que ama e já sente ciúme por isso, sendo capaz, até, de matar por isso. Essa pessoa é uma aberração humana. É diabólica. Ciúme é diabólico.
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