Concordo plenamente com você, Priscila. Tenho muita restrição a essa concepção de relativismo, tanto cultural quanto moral. Acho que as características culturais dos povos e nações devem ser preservadas e cultivadas. Mas nunca se elas forem nocivas à coletividade, ou mesmo a minorias. Dizer que o certo é o que é aceito pela maioria está totalmente errado. Costumes, como a ablação do clítoris, a lapidação de adúlteras (mas não de adúlteros), a matança de bebês doentes ou do sexo feminino, a farra do boi, as touradas e até a circuncisão dos judeus, para mim, são tradições abomináveis que têm que ser extintas mesmo, contrarie-se ou não a cultura dos povos. Outras há, em nossa própria sociedade, que não têm a mínima razão de ser, como a monogamia. A moral reflete os costumes de certo estrato social em alguma época e lugar, mas não se pode esquecer que a moral deve ser balizada pela ética que é a disciplina filosófica que investiga os conceitos de bem, mal, certo, errado, justo, injusto, bom, mau e assim por diante. Tais conceito têm uma aplicação universal dentro da humanidade, independente do estrato social, da época ou do lugar. Matar e roubar é errado para toda pessoa, onde e quando se encontrar. E assim por diante. A moral precisa se adequar aos parâmetros éticos. O que acontece é que, geralmente, a moral é estabelecida pelos grupos dominantes no seu interesse e mesmo, dentro dos estratos inferiores da sociedade, a moral serve aos interesses daqueles que têm dominância interna no grupo. É isto que precisa ser revisto pela sociedade como um todo, por iniciativa de quem percebe a perversidade desses critérios. Aí entram os filósofos, juristas, sociólogos e os pensadores em geral.
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