terça-feira, 27 de novembro de 2012

Li suas considerações sobre ''livre-arbítrio'', discordei de algumas, o Sr.poderia me expor uma dissertação que fundamenta este ''livre-arbítrio''? Como podemos fazer usufruto dele considerando o ''humano'' constituido de matéria? Seria a vontade livre?

O ser humano é um sistema feito de matéria e campos de interação. Todos esses elementos, fisicamente, não funcionam de modo determinístico e sim probabilístico. Mas é preciso entender que isso significa que há uma gama de possibilidades que podem ocorrer, mesmo com baixa probabilidade. Isso é inerente a todo sistema físico, mas, à medida que a complexidade aumenta, começam a surgir dois comportamentos. O primeiro é a centralização da probabilidade devido ao efeito cumulativo do grande número de subsistemas e de eventos envolvidos em uma ocorrência. Isso aumenta a probabilidade das cadeias que envolvam fatos mais prováveis e diminui as que envolvam fatos menos prováveis, dando a impressão de um determinismo. Mas há outra característica da complexidade, quando ela envolve eventos elementares não determinísticos, que é a possibilidade de escolha. Isso se aplica, especialmente, ao fluxo de impulsos nervosos intercruzados, que é o modo de operação do cérebro. Em outras palavras, a mente, mesmo sendo totalmente natural, isto é, não existindo alma espiritual, não é um sistema puramente material. É uma "ocorrência" extremamente complexa e viva. Por vivo se entende um sistema auto-poiético, isto é, que toma a iniciativa de promover alterações em si mesmo. No caso de decisões, que é do que trata o livre-arbítrio, essas alterações são produzidas por fluxos de comunicações inter-neuronais, ou seja, pensamentos, que se desviam em função de uma série de condições. Mas esses desvios não são "determinados" pelas condições, havendo um leque de escolhas com certas probabilidades que não excluem uma escolha de menor probabilidade. Isso é o livre arbítrio. Portanto, o livre arbítrio é uma consequência do indeterminismo quântico elementar. Mas ele não é inerente ao ser humano. Todo animal o possui, mesmo uma formiga ou uma minhoca. Ela sente e percebe o ambiente e toma decisões em função de sua programação instintiva e de suas memórias (condicionamento), mas, sempre, com um componente de decisão arbitrária. No caso humano, a diferença é que ele se conscientiza da decisão que tomou, mesmo que as razões para essa tomada não estejam conscientes. Elas podem emergir do processamento inconsciente, que é muito mais volumoso do que o consciente. São as emoções, a intuição, os "insignhts".

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