sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Você aguenta muitas horas para estudar. Como conseguiu tamanha capacidade?

Sempre fui assim, desde criança. Não fiz esforço nenhum para ser assim. Porque sempre gostei muito de estudar. Estudar, para mim, é um grande prazer. Principalmente se for algo bem difícil e desafiante. Aí é que eu gosto mesmo. Do mesmo modo que tem gente que gosta de praticar esporte ou atletismo. Ou jogar. Também gosto muito de conversar, mas só se for conversa filosófica, científica, artística, cultural, política (mas não essa política rasteira, partidária e local), tecnológica, ecológica, religiosa. Não tenho paciência para conversar abobrinha e nem fazer fofoca ou falar de esportes, de crimes e coisas assim. Nos jornais, nunca leio as páginas esportivas e de crimes. Mas gosto das páginas literárias, artísticas, científicas, culturais, políticas. Também não tenho interesse pela parte econômica, exceto se for sob um prisma filosófico. Finanças e negócios me entediam. Não me esforço para ser como sou. Sempre fui assim, de nascença. Reforçado pelo ambiente cultural elevado de minha família, pois meus pais também eram intelectuais, bem como meus tios, tias, primos e primas. Minha mãe tocava piano e lá em casa, sempre se ouvia música clássica no gramofone. Na casa dos pais do meu pai tinha um piano de cauda. Meus avôs o eram também, mas morreram antes de eu nascer. Meu pai era professor de História e Geografia. O pai dele de Russo e Tcheco (mas falava, também, Inglês, Alemão (língua natal), Espanhol, Português (de Portugal), Francês e Italiano). O pai do pai dele, de Química. Os dois últimos na Academia Teresiana, em Viena. O pai e o irmão de minha mãe eram médicos pesquisadores. O pai, da cura da Beribéri e o irmão, da cura da Tuberculose. Ambos eram médicos militares, meu avô da Marinha (chegou a Almirante) e meu tio do Exército. O pai da minha mãe era primo do Rui Barbosa. Em suma, todo mundo tinha vastas bibliotecas e vivia nesse mundo da cultura. O pai da mãe do meu pai era diplomata português, adido comercial do consulado de Portugal em Belo Horizonte e, quando ia voltar para Portugal, resolveu ficar no Brasil como importador de casimira inglesa, no começo do século XX. Ele tinha uma vasta biblioteca com as primeiras edições das obras dos grandes escritores portugueses do século XIX, em encadernações de couro com lombadas com letras de ouro. Uma beleza. Era casado com uma fidalga portuguesa cujo pai tinha uma quinta na cidade de Braga. A primeira mulher do pai da minha mãe (que era filha da segunda mulher, pois ele enviuvara), era sobrinha de um barão do Império, o Barão de Serro Azul, do Paraná. E o pai da segunda mulher era primo do Bento Gonçalves, lá do Rio Grande do Sul.

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