O único excesso que se pode tolher à liberdade é quando ela é usada para tirar a liberdade de outro ou prejudicá-lo de alguma forma. Fora isso, não há o que não possa ser permitido. A ética se baseia em três condições: que as ações promovam a maximização da felicidade para o maior número de seres, que seja de tal forma que possam ser erigidas em norma universal e que sejam aquilo que desejemos para nós mesmos. Uma sociedade ideal, como a anarquista, tem que ser aquela em que as pessoas tenham a virtude como ideal de conduta, isto é, que sejam santas mesmo. Aliás, esta é a condição que um cristão deve considerar que tem que ser a normal para todo mundo. Quando um cristão me diz que não pretende ser santo eu digo que ele não é cristão. Quando eu era católico eu queria ser santo e continuo fazendo tudo para ser, mesmo sendo ateu. O anarquismo só será possível quando todos se tornarem santos mesmo. É isso que deve ser perseguido pela educação. É claro que nem sempre todos conseguem, mas a sociedade tem meios de controlar esses deslises se a maior parte dela for virtuosa. Se um se rebelasse, os outros não se tornariam mártires, mas teriam que contê-lo. Rebelar é próprio do homem, se ele está em uma situação em que seja oprimido. Numa sociedade em que todos sejam livres e felizes, contra que alguém iria se rebelar?
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