sábado, 23 de julho de 2011

O que é física? Qual a melhor maneira de defini-la?

Física é a ciência fundamental da natureza. Como ciência, é um corpo de conhecimentos sistematizado, consistente de modelos teóricos do comportamento da natureza e de relações matemáticas, além de descrições qualitativas, que pretendem traduzir, por meio do modelo proposto, as conexões entre os atributos das entidades da natureza que fazem com que ela se comporte como faz. Digo fundamental pois não há nenhum nível epistemológico mais baixo ao qual ela possa ser reduzida. A química é a física das camadas eletrônicas dos átomos, a biologia é a química dos seres vivos, a psicologia é a biologia da mente, a sociologia é a psicologia das coletividades. Da mesma forma história, geografia, economia, em última análise, se reduzem, isto é, acontecem, porque há movimentos e interações entre átomos, campos e radiação, que são os componentes físicos do Universo. A física trata desses componentes e dos fenômenos que eles apresentam no espaço e no tempo. Esses fenômenos são apenas movimentos e interações. Propor modelos descritivos deles e, nesses modelos, descobrir as relações existentes de modo que o que os modelos previrem corresponda ao que a realidade apresenta é a finalidade da Física. Com esses conhecimentos é possível prever e controlar muitos fenômenos, o que é o âmbito da engenharia e da tecnologia.
Ao dizer que todos os fenômenos, de qualquer ordem, se reduzem, em última análise, a fenômenos físicos (inclusive o amor e a política, por exemplo) eu não estou advogando um reducionismo linear, que diz que o todo seja a soma das partes. Um reducionismo mais amplo, com não linearidades, é capaz de abarcar também a visão holística de que há ocorrências nos estratos mais elevados da realidade que não se explicam apenas pela aplicação das explicações vigentes nos estratos mais profundos. O reducionismo pode ser entendido não apenas sob o prisma epistemológico, mas, inclusive, ontológico, fenomenológico e de causação. Isto, porém, é outro assunto. Só para se situar, quando digo ontológico estou dizendo "o que é", quando digo fenomenológico, estou dizendo "como é", quando digo epistemológico, estou dizendo "porque é" e quando digo de causação estou dizendo "de onde veio". Há, ainda, o aspecto teleológico, que é a inquirição sobre "para que é", mas nas ciências naturais ele não existe. E, finalmente, o aspecto lógico é aquele que dá consistência e validade ao conjunto das explicações. Mas não veracidade. A veracidade é garantida pelos critérios de evidência ou de comprovação. Isto é, dizer que é lógico não quer dizer que seja verdadeiro.

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