sábado, 1 de fevereiro de 2014

Professor no seu blog, na parte que descreve suas características está escrito: estóico e epicurista. No meu conhecimento são duas concepções opostas que versam sobre a felicidade, portanto, como você pode aderir a ambas?

Essa síntese dialética entre o estoicismo e o epicurismo é, para mim, a suprema forma de conduzir a vida. Note, para começar, que o epicurismo não é, meramente, um hedonismo, que é a colocação do prazer como objetivo supremo da vida. O epicurismo está mais para o eudemonismo, que é a colocação da felicidade como o objetivo supremo da vida. Claro que o prazer faz parte da felicidade. Mas o prazer epicurista é um prazer virtuoso e frugal. Sendo o estoicismo a consideração de que não se deva importar com as vicissitudes da vida e suportar os sofrimentos com galhardia, ele não busca o sofrimento por comprazer, mas apenas o suporta, quando vier, sem lamúrias, tristeza ou desgosto. A virtude de suportar a dor, assim, não se opõe ao desejo de buscar a felicidade. Ainda mais que, o epicurismo, não se centra na "busca" da felicidade, mas em sua curtição como um resultado da vida benemérita e virtuosa, a ser acolhido com satisfação. Ou seja, que se aceite os prazeres como coisas boas, desde que não sejam maléficos a ninguém e que se transponham os dissabores com serenidade. Se o gozo de um prazer, contudo, for motivo de dor para outros, esse prazer não pode ser acolhido como legítimo. Essa é a minha concepção dessa síntese. Ela também pode ser entendida como a síntese dialética da ataraxia budista, isto é, o "caminho do meio", com o "Tantra" hindu.

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