quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Considerações ontológicas sobre o Universo

O fisicalismo não exclui realidades abstratas, isto é, cuja existência se dá apenas em mentes que as concebam. O que o fisicalismo não admite é a realidade de entidades "substanciais" e objetivas não físicas. Ou seja, entidades que sejam feitas de algo substancial que não seja físico ou que existam objetivamente sem que sejam concebidas por nenhuma mente e não sejam físicas. Esse seria o caso de espíritos, almas, anjos, demônios, deuses e entidades similares ditas "sobrenaturais". Os tipos de substâncias físicas de que os seres físicos são feitos são campo, radiação e matéria. Além disso, a realidade física contempla a existência do espaço e do tempo, das estruturas e das ocorrências, que não são substanciais. Mas não contempla a existência de espíritos de qualquer tipo. A concepção monista fisicalista não exclui as ideias, como números, formas, normas, valores. A objetividade delas não é uma objetividade que prescinda de mentes, mas uma objetividade advinda de um consenso entre mentes que atribuem os mesmo significados aos mesmos conceitos, de modo que possam discutir sobre eles inteligivelmente. É o que se dá com as palavras de um idioma, por exemplo. Tais entidades abstratas não são seres. Entidades espirituais seriam seres, se existissem. O dualismo não é a concepção de que existam realidades físicas e abstrações e sim que existam realidades físicas e não físicas não abstratas. Espíritos, se existissem, não seriam abstrações. Há, também, o monismo espiritualista, que considera que a única realidade substancial existente seja de natureza espiritual e que as entidades físicas, como campo, radiação e matéria seriam manifestações de espíritos que nossos sentidos perceberiam como entidades físicas.
Eu não diria que o Universo físico seja a totalidade do ser, mas a totalidade dos seres, já que há uma multiplicidade deles, sendo cada um um subconjunto do Universo que, inclusive, podem exibir intercessões. O Universo é a união de todos os seus subconjuntos, que também é um subconjunto. Portanto é um ser. Ser é o ente que, de fato, existe, na realidade substancial objetiva, isto é, independentemente de mentes que o percebam. Ente é o que pode ser concebido como possivelmente existente, que não exiba contradição lógica intrínseca. Um ente que não seja um ser costuma ser chamado de entidade. Mas entes também não precisam ser substanciais. Um time de futebol é uma entidade que não é um ser.

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