Você não sente ciúmes?‎

Não. Nunca senti. Acho que a concepção altruísta do amor, como algo que não envolve nenhuma posse ou desejo de exclusividade já foi formada em mim por meus pais, que sempre pensaram assim, de modo que eu cresci achando estranhíssimo uma pessoa sentir ciúme. Ou pretender controlar a vida de quem ama. Ou, simplesmente, pretender ter alguma suserania sobre seu amor. Nem em relação aos filhos meus pais jamais pretenderam se considerar donos e senhores. Fui educado e assimilei esses valores extremamente liberais que cultivo muito cioso de seu elevado valor em relação a considerações mesquinhas de mando, posse, supremacia ou coisas do tipo de alguém sobre alguém. Nem por isso eu e minhas irmãs nos tornamos pessoas mimadas ou irresponsáveis, muito pelo contrário, pois nossos pais nos delegaram responsabilidades desde tenra idade. E assim também criei meus filhos, sem mando e nem obediência e eles se tornaram pessoas extremamente responsáveis, justas, bondosas, gentis, prestativas, amáveis. Sem nenhuma preguiça. Para mim essa é a concepção de vida correta, isto é, da intersubjetividade igualitária, ou seja, considerar toda pessoa como igual e com o mesmo nível de importância e consideração. Dona de toda a liberdade de poder ser e fazer o que quiser. Inclusive a pessoa a quem se ame.