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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015
Vi o senhor falando que profissionais aprendem a utilizar as ferramentas, mas não a teoria. Colegas que foram no ciência sem fronteiras disseram que no exterior há uma abordagem mais prática, e no Brasil mais teórica nas universidades. Entretanto é isso que o mercado valoriza. Como o senhor avalia?
Em termos de números de pessoas atuando, a ciência aplicada sempre abrange mais. Isso é o normal. Todavia não significa que a ciência pura deva ser desprezada, por sua inutilidade. É, justamente, para as inutilidades que a humanidade desenvolveu a civilização. Para que se possa investigar como é o mundo, sem se preocupar com a aplicação desse conhecimento. Pode ser que, no futuro, haja aplicação. Ou não. Mas a ausência de aplicação não é impedimento do estudo. É o que acontece com a arte, que, também, é inútil. No Brasil há, realmente, pouco interesse pela ciência aplicada. Isso não é bom. Mesmo assim, os pesquisadores puros são poucos. Por isso é que somos insignificantes cientificamente, comparados, mesmo, com países como a Índia. O mercado não se interessa pela ciência pura, pois não rende dividendos econômicos. O estado é que tem que bancar isso. Mas tem que ser seletivo com os pesquisadores e não financiar as mediocridades. Em contrapartida, financiar melhor as grandes capacidades. A política de salários iguais para todos, independentemente de sua capacidade e produção é desastrosa. Por isso é que os bons vão pesquisar no exterior e os louros ficam para as universidades de lá. Não há como chamar um prêmio Nobel para o Brasil, para ele alavancar algum setor de pesquisa pagando só o que se paga aqui. Então eles não vêm. Vão para outros lugares.
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