sexta-feira, 3 de maio de 2019

A iluminação como conceito religioso é absurdo e fantasia? O nirvana é uma utopia?

Qualquer conceito que seja religioso ou que seja tomado sob o aspecto religioso não tem nenhuma validade, pois isso significaria que seria referente a uma categoria de realidades de natureza sobrenatural, o que não existe. Todavia é possível entender o conceito de "Iluminação" numa perspectiva não religiosa, como sendo a situação em que a pessoa se torna consciente de um sentido positivo a dar à vida, em termos do bem, da justiça, da harmonia, da beleza, da fraternidade, da solidariedade, da compaixão e de outros valores nobres e elevados. Quanto ao nirvana, ou seja, o estado de total desligamento de todo desejo e, até mesmo, de toda percepção e pensamento, é algo que pode ser atingido por meio do exercício da meditação na concepção budista. Todavia considero que não seja algo absolutamente proveitoso. Um dos equívocos do Budismo é supor que o sofrimento advém do desejo. Não é verdade. O sofrimento advém da frustração pela não realização do desejo. O que a pessoa tem que buscar não é não desejar nada e sim não se importar se o que deseja não seja obtido. Essa concepção é a ataraxia filosófica dos epicuristas, céticos e estoicos da Grécia antiga, essa sim, algo de valor a ser buscado. Quanto à meditação, a modalidade monástica ocidental é mais proveitosa. Consiste não em esvaziar a mente de qualquer pensamento mas sim em focá-la em um único tema, esmiuçando-o em sua totalidade sob todos os aspectos, esvaziando-a, é claro, de outros pensamentos e sensações, mas não totalmente. No caso dos monges cristãos, o foco se faz em Deus, mas pode ser em qualquer tema. Isso é bom para treinar a mente. Também se pode fazer a meditação oriental, de esvaziamento total da mente, como um recurso de tranquilização mental.

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