quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Por que tudo existe, ao invés de nada? Só o fato de tudo existir já não é um bom argumento a favor da e-xistência de um criador?

Não existe razão nem motivo para existir algo ao invés de nada. Poderia perfeitamente não existir coisa alguma e nunca vir a existir, como pode ocorrer o colapso de tudo que existe, voltando não existir coisa alguma. O surgimento do que existe foi um evento fortuito, isto é, incausado e todo o conteúdo existente, não é proveniente de coisa alguma que já existisse. Surgiu sem provir de algo anterior. Isto é diferente de dizer que surgiu do nada, pois dizer isto significa dizer que havia algo, o nada, do qual surgiu o que existe. Não havia algo nenhum. Nada não é coisa alguma. Não se pode surgir do nada, mas pode-se surgir sem que haja do que ser proveniente. Isto são afirmações ontológica e fenomenologicamente distintas e não um mero jogo de palavras. Nada não é uma entidade, mas sim a noção da inexistência de qualquer coisa. Note que isto não exclui a possibilidade de ter havido um criador, isto é, um ser extrínseco ao Universo que provocou seu surgimento. Mesmo assim este surgimento se deu sem provir de nada (e não provindo do nada). A não ser que o criador tenha feito surgir tudo do conteúdo de si mesmo. Isto, contudo, é fenomenologicamente complicado, uma vez que o criador não pertence ao Universo. A não ser que pertença, então, se fez o Universo de si mesmo, o Universo é o criador de si mesmo. Tais concepções são difíceis de comprovar e levam a incoerências. Contudo, da mesma forma, o surgimento do Universo sem ter do que provir, não implica que tenha que ter havido um criador, isto é, um agente causador de tal evento.

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