segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Religião, do latim "re-ligare", significa exatamente "religar"... No caso, religar-se com Deus ou com o Cosmos pode significar exatamente a mesma coisa, dependendo da concepção de cada um?

Religar-se com Deus só será equivalente a religar-se com o Cosmos para o panteísmo, que identifica Deus com o Cosmos. Na concepção do que seja Deus, uma entidade com poder de intervir por um ato voluntário sobre o Universo à revelia de suas leis naturais, não vejo como o Universo possa ser identificado com Deus, pois ele não desobedece suas próprias leis, além de não possuir uma mente capaz de pensar e decidir voluntariamente sobre coisa alguma. Nossa identificação como o Cosmos não tem nada a ver com nenhuma divindade, mas sim com o fato de que somos feitos dos mesmos prótons e elétrons que se formaram após o Big Bang, que as interações que fazem nosso organismo funcionar são as mesmas quer dão surgimento a galáxias, estrelas e planetas e que põe isto tudo a se mover. Assim, a espiritualidade é algo que surge em nossa mente porque esta mente é uma ocorrência orgânica e, como tal, funciona em termos das leis fundamentais da natureza. Essa comunhão é perceber que nossos átomos, bilhões de anos depois de nossa morte, ainda estarão no Universo e farão parte de novas estrelas que surgirão a partir da explosão deste sistema solar. Somos feitos de poeira de estrelas. Mais especificamente, cada um de nós é um elo da cadeia vital que une o primeiro ser vivo a todos os que existem hoje e que existirão em qualquer tempo, pois nossa vida é continuada pela união de nossos gametas aos de outro ser que levará a fazer surgir um novo ser que propagará esta linha condutora da vida enquanto ela existir. E isto é algo tão extremamente singular que não podemos tratar com indiferença e desdém como o fazem aqueles que, a este ou aquele pretexto, consideram válida a destruição de inúmeras vida, humanas ou outras. A preciosidade da vida, comparada com nossa insignificância neste "Pálido Ponto Azul" é a maior mensagem que Sagan nos deixou, pela qual lhe reverenciamos a memória.

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