Não. Para mim foi Brahms. Claro que Beethoven foi um gênio da música, uma potência criativa. Mas acho que está em segundo lugar. Beethoven é extremamente dramático, vigoroso, passional, disciplinado, melodioso, harmonioso, rítmico. Domina completamente a estrutura temática e frasística da música, bem como é um mestre de coloratura tímbrica. O que lhe falta é lirismo, sentimento, sutileza, modulação. Brahms tem todas as qualidades de Beethoven e tudo o que lhe falta. Não há, para mim, compositor mais completo. Apenas lhe ombreiam o próprio Beethoven e Debussy, este em um estilo totalmente diverso. Também gosto de Bach, Mozart, Dvorak, Haydn, Liszt, Wagner, Tchaikowsky. Mas Brahms não tem igual.
Aprecio muito Mozart por seu melodismo fluente, suas harmonias bem postas, seu estilo galante, sua forma correta, sua orquestração luminosa. Mas acho um tanto frívolo, superficial. Para mim Haydn, menos genial mas igualmente talentoso, com estilo bem semelhante ao de Mozart, é mais profundo. Beethoven, então, nem se diga. Além de todas as qualidades de Mozart, tem uma dramaticidade muito mais marcante. Sua música é grave e vibrante ao mesmo tempo. Sua invenção é sem par. Ora é de um melodismo capaz de enlevar o espírito às alturas. Ora é marcialmente arrebatador. Quem reuniu essas qualidades em um outro gênero foi Verdi, na ópera, em que Beethovem não se sentia à vontade. Mas, para mim, o maior de todos foi Brahms. É o herdeiro de Beethoven já num contexto romântico em que ele soube, como ninguém, disciplinar a emoção mais tocante e apaixonada com um rigor formal de suprema elaboração, sem comprometer a expressão dos sentimentos, aliando sua altíssima sensibilidade com a máxima inteligência musical e uma férrea vontade e dedicação ao árdua trabalho de compor como quem esculpe o mármore e dele tira vida, como Michelângelo ao seu Moisés: Parla! Realmente, Brahms não foi inovador em coisa alguma. Ele é um epígono do classissismo dentro do romantismo. Como o foi J. S. Bach dentro do barroco. De certa forma Wagner também o foi. Mas Brahms levou ao supra-sumo a expressão da beleza por meio da música. A beleza que vém, não só do mundo, mas, principalmente, de dentro da alma do homem. A beleza da sensibilidade e da inteligência, aplicadas com vontade ao mister da criação musical. Brahms alia força e delicadeza, vigor e lirismo numa construção de impecável rigor, chegando a ser áspera. mas de sublime sentimento. Minha lista (colocada no tópico “ranking”) é, pela ordem, Brahms, Beethoven, Bach, Mozart, Schumann, Wagner, Schubert, Liszt, Chopin, Tchaikovsky, Dvorak, Haydn e Verdi (claro que também aprecio outros). Das obras de Brahms, as sinfonias são minhas preferidas, 1ª, 4ª, 2ª e 3ª, nesta ordem. Os movimentos lentos são sublimes. Depois vém o “Réquiem Alemão” e, então o concerto para violino, os de piano, o duplo concerto, as aberturas, as variações, os dois quintetos, os três quartetos, os corais para órgão, as sonatas, as baladas e, especialmente, os lieds.
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