segunda-feira, 25 de março de 2013

O ofício do filósofo é (apenas) inventar conceitos? Ou a filosofia é um veículo de expressão além?

Claro que não. Filosofar é debruçar-se sobre a realidade em todos os seus aspectos (lógico, matemático, geométrico, físico, astronômico, cosmológico, geológico, químico, biológico, psíquico, social, econômico, ético, político, cultural, artístico, científico, tecnológico, metafísico, espiritual e qual outro seja); assimilar seu conteúdo, refletir sobre ele, inteirar-se de tudo o que já se disse a respeito, contestando o que se considerar incorreto; formular conceitos que descrevam de forma adequada a realidade assimilada, delimitando sua esfera de aplicabilidade; fazer levantamentos e experimentos no que for pertinente e possível para verificar as relações existentes entre aquilo que os conceitos representam nas várias categorias existentes; formular hipóteses que proponham explicações para as relações obtidas; propor esquemas que forneçam uma estrutura interligada de tudo; deduzir consequências a partir dessas hipóteses; testar a veracidade das conclusões achadas, reformulando as hipóteses, caso as conclusões não se adequem à realidade e articular argumentos que defendam o resultado concluído e sejam capazes de se opor às explicações alternativas existentes e verificadas errôneas. Tal é o que se dá com temas metacientíficos, como os epistemológicos, que validam as ciências, os ontológicos, metafísicos, lógicos, éticos, estéticos, bem como políticos, sociológicos e psicológicos no que eles não se enquadrem numa abordagem científica, e também as filosofias das próprias ciências, como a física, a biologia, a história, a antropologia, e todas as demais. Esta é a metodologia científica que proponho seja também aplicada à Filosofia, para que esta deixe o patamar de uma esfera de conhecimentos baseada em pontos de vista pessoais e se coloque como um corpo objetivo do saber, independente de “escolas de pensamento”. Nisso tudo é mister ter desenvolvido as habilidades e competências filosóficas que o estudo formal pode propiciar. Mas é preciso ir além do costume de se fazer apenas o estudo crítico da produção filosófica de algum autor ou escola e ter a ousadia de propor sua contribuição pessoal, ou mesmo, quem sabe, criar uma escola. Todavia meu ideal é ver a Filosofia despida de qualquer rótulo ou adjetivação, isto é, que se apresente em toda beleza de sua nudez, pois assim é que poderá ser admirada na sua verdade e explendor. A filosofia, de fato, é muito melhor do que qualquer religião para propiciar consolo e uma compreensão do significado da vida que faça a pessoa sentir-se partícipe do Universo e se aceite como é, enquanto procura agir para mudar o que seja possível.

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