sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Professor, você acha que o curso de Filosofia exige muito do aluno, e por isso muitos desistem? Ou que a desistência é gerada devido ao curso não ser exatamente o que "se espera"?‎

Não acho que exija mais do que outros cursos. A desistência, para mim, se dá em razão de dois fatores. O primeiro é a baixa perspectiva de remuneração como filósofo ou professor de Filosofia, que tem carga horária baixa nos colégios. O segundo é que os cursos de Filosofia, na maioria, ao invés de formar filósofos, forma apenas "entendidos em Filosofia", o que é necessário mas não suficiente. Isso frustra muitos alunos. Além do mais, algumas escolas, como também no caso da Psicologia, Sociologia e Economia, são adeptas de tal ou qual "Escola de Pensamento", sendo hostis a quem delas discorde. Isso é completamente anti-filosófico e anti-científico. Um curso de Filosofia tem que ser o templo do livre-pensamento. Aristóteles era discípulo de Platão e discordou da maior parte do que ele preconizava. Isso não os tornou inimigos. É preciso saber conviver com a discordância, especialmente acadêmica. Ela não só é inevitável, como até, desejável, para o progresso do conhecimento. As escolas de Filosofia deveriam estimular os alunos a terem ideias próprias e a procurar derrubar as correntes de pensamento existentes. Ou para substituí-las ou para reforçá-las. Isso não se dá, infelizmente.

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