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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014
Será que é realmente possível existir um passado infinito? Isso seria absurdo, do ponto de vista metafísico. Imagine só uma série de dominós onde um derruba o seguinte. Se a queda dos dominós não tem nunca um começo, eles não estariam caindo. Tem de haver algo para imprimir força no primeiro dominó
Não é absurdo não. Você pode imaginar que, para cada dominó, existe um anterior que o empurre. Isso pode ser, perfeitamente, ser levado indefinidamente para trás sem que haja nenhum primeiro dominó. Simplesmente os dominós são em número infinito e sempre existiram empurrando um ao outro. Por que não? Se você considerar que não se pode haver um tempo infinito para o passado, você também tem que considerar que Deus tenha tido um começo. Acontece que houve um momento inicial no Universo. Mas não porque não seria possível não havê-lo e sim porque se constata que houve, mesmo que pudesse não ter havido. É preciso pensar, também, que, nesse caso, de infinitos dominós, não é preciso haver uma causa para a queda dos dominós. Eles sempre estiveram caindo. Não é que teria havido um primeiro dominó que empurrou o segundo e assim por diante em um momento infinitamente afastado para o passado. É que não houve esse primeiro dominó. Isso é a concepção de tempo infinito para o passado, que o argumento Kalam não considera, por isso ele não é válido. O tempo infinito para o passado é perfeitamente possível. Só que não foi o que aconteceu, pelo que se sabe. Todavia, também é possível que se descubra que não foi assim, que, realmente, o Universo sempre existiu. Isso não é um problema metafísico. É um problema físico.
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