sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Mas professor, o senhor não acha que se a moral é relativa, as pessoas não irão poder querer justificar seus erros? Isso não desafia as verdades absolutas?‎

A relatividade da moral não se refere ao indivíduo, mas ao grupo social em certa época e lugar. Cada indivíduo não tem a sua moral privada. Ele pode não seguir a moral social estabelecida e ser um imoral em algum caso. Mas não pode dizer que, por sua moral, ele esteja certo, porque isso não existe. Todavia é válido contrariar a moral vigente se ela não for ética. E a ética é que busca estabelecer critérios humanos universais e perenes para o comportamento nas ações. Isso não quer dizer que os critérios éticos sejam verdades absolutas porque verdade não é um valor ético e sim um valor epistemológico. A ética não cogita do que seja verdadeiro ou falso, como não cogita do que seja válido ou inválido e sim do que seja certo ou errado em termos de ações. Válido e inválido se aplicam a raciocínios, sendo pois, valores lógicos. Os valores morais são o que seja permitido, proibido ou prescrito em termos de ações, também. O fato da moral ser relativa e, inescapavelmente, o é, não abala a ética. Mesmo sendo relativa, essa relatividade não justifica nenhum comportamento individual. O que poderia justificar algum comportamento contrário à moral seria o fato da moral não ser ética. Isso pode acontecer. Comportamentos que firam a ética, contudo, jamais são justificados. Mas é preciso entender, também, que a própria ética tem que ser contextualizada e não é absoluta. Por exemplo, matar não é ético (e nem moral) mas pode ser admitido em legítima defesa, por exemplo. Da mesma forma que roubar, que pode ser admitido no caso de extrema penúria e fome, se se ativer à satisfação da necessidade incontornável.

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