quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Pelo que vi da sua biblioteca, és um leitor de Schopenhauer. Mas ele é pessimista, assume que viver é sofrer, que a vida não tem sentido algum, etc. Parece incompatível com suas ideias, que considera a vida um presente único, que devemos criar sentido. O que você acha interessante de Schopenhauer?‎

Não concordo com tudo o que Schopenhauer disse, como não concordo com tudo o que Nietzsche disse, nem muitos outros filósofos. Mesmo assim leio todos eles, pois se não os ler não sei se concordo ou discordo de quê. Como, mesmo sem crer em Deus, já li várias partes da Bíblia, do Corão, o Bhagavad Gita, o Tao te Ching, vários escritos de Allan Kardec. Não sendo capitalista e nem marxista, já lí vários escritos de Marx e de autores capitalistas. É preciso se inteirar de todos os pontos de vista, inclusive para se abrir à possibilidade de mudar de opinião. Apesar de não compartilhar do pessimismo de Schopenhauer, concordo com suas opiniões sobre o amor como objetivo da vida e da arte como meio de obter felicidade. Mas não concordo com a opinião de que o sofrimento seja o estado normal da vida e nem de que sua origem seja o desejo. Para mim o sofrimento é acidental e não provém do desejo e sim da incapacidade de superar a frustração, por se colocar na realização do desejo a razão de existir. Se se tiver desejo de forma desprendida, não se sofre com a frustração. Um exemplo disso é o sofrimento causado pelo ciúme. Se se desejar a reciprocidade amorosa sem colocar nisso a razão de viver e sem exigir a exclusividade no amor retribuído não se terá ciúme, que é fonte de sofrimento. Ame-se altruisticamente e se será feliz em amar.

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