A ética pode ser uma moral fixa?‎

Não é bem assim, pois a moral é prática e a ética é teórica. A moral regulamenta, prescreve, proíbe, permite. A ética reflete e conclui o que a moral deve prescrever, permitir ou proibir. A ética é uma reflexão filosófica sobre as ações humanas no sentido de estabelecer que critérios devem nortear a rotulação do que seja bom, correto, certo, desejável e do que seja ruim, incorreto, errado, indesejável com respeito às ações e comportamentos de seres dotados de liberdade, inteligência, senciência, consciência e conhecimento. Nesse sentido a ética é atemporal, não local e nem dependente do estatuto social. A moral, assim, deve se basear na ética para estabelecer suas normas. Todavia a moral, em geral, fica influenciada pelas concepções sociais de cada lugar, época e estrato social. Ela reflete, especialmente, os desígnios dos detentores do poder em relação ao comportamento desejável de quem esteja submetido ao poder. Se as regras morais não forem éticas, é preciso que se faça um levante de desobediência civil para contestar a moral não ética e se contrapor aos poderosos. Muitas vezes esse poder, nesse sentido, não é o poder político, militar, econômico ou religioso, mas tão somente a massa não pensante e inerte, aferrada a tradições nefandas e infensa a qualquer mudança comportamental. Os que pretendem conquistar e conservar o poder sabem muito bem se aproveitar do poder da inércia das massas em seu benefício, contrapondo-o às propostas libertárias, progressistas, esclarecidas e arejadas das vanguardas pensantes.