quarta-feira, 12 de junho de 2019

https://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/o-ateismo-e-uma-opcao-religiosa/ Qual a sua opinião a respeito deste artigo?

Discordo de quase tudo o que foi dito nele. De fato, ateísmo é consideração de que não existam deuses e nem alguma realidade sobrenatural. Mas agnóstico não é quem considere que deuses não existam por não ser possível provar que existam e sim os que consideram que não seja possível provar ou constatar que deuses nem existam nem não existam. Todavia agnósticos podem ser ateus ou crentes. E ateus podem ser agnósticos, gnósticos ou céticos. Eu sou um ateu cético. Nem gnóstico, pois não tenho garantias de que não existem deuses, nem agnóstico, pois não acho que seja impossível verificar, por evidências ou comprovações, que existam ou não deuses. Só que isso não se tem. Então eu duvido e, na dúvida, uma vez que também não há sequer indícios, opto pela consideração da não existência. A prevalência histórica da crença (mas não necessariamente da adesão a uma religião) em relação à descrença se deve a que o espírito científico e cético, com raras exceções, só logrou ser disseminado entre as pessoas de maior nível cultural, depois do renascimento e, especialmente, depois do iluminismo. A crença no sobrenatural advém, naturalmente, do fato de se considerar que tudo o que aconteça seja devido a algum agente e que, não sendo ele identificado, apela-se para algum invisível, que se identifica com alguma divindade. A ciência, todavia, a cada dia, encontra explicações naturais para quase tudo, de modo que se pode dizer que o que ainda não foi explicado não se deva a nenhuma intervenção divina mas tão somente a que a explicação ainda não foi achada. Além de que se sabe que nem tudo requer uma causa para ocorrer. O fato de terem havido vários cientistas que criam em deuses (ou em um só) é perfeitamente explicado em razão do contexto social em que estavam imersos. Na atualidade, contudo, essa fração é bem menor. Muitos, porém, não eram teístas (isto é, não criam em um deus provedor), como Spinoza e Einstein, por exemplo. Voltaire, mesmo sendo anticlerical, sempre acreditou em um deus, não provedor. E outros anticlericais acreditavam, inclusive, num deus provedor, como Lutero e Allan Kardec. Os verdadeiros ateus, contudo, não substituem a divindade por outra razão que dê significado à vida, como as drogas, extra-terrestres ou o que o valha. Verdadeiros ateus existem sim e não são poucos e nem pouco influentes nem desprovidos de bons argumentos. Finalmente, ateísmo, absolutamente, não é uma crença religiosa. Pelo contrário: é uma descrença. Ou seja, não é a crença de que deuses não existam e sim a descrença de que existam. Isso é muito diferente, epistemologicamente falando. Principalmente, não constituem uma religião, pois religião, além de uma crença, é uma representação social munida de uma doutrina, escrituras, normas, rituais, templos, sacerdócio e por aí vai, o que, absolutamente, o ateísmo não possui. Sequer possui uma concepção unificada. Sugiro a leitura dos livros do Victor Stenger.

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