quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Ernesto, se o mundo é fisicalista, qual é o lugar dos qualia então? Seriam eles de alguma forma um propriedade física também?

Não acho que o conceito de quale invalida a concepção fisicalista da mente como uma ocorrência do funcionamento do organismo, em especial do cérebro e do sistema nervoso. Para começar é preciso entender que físico não é apenas material. Inclui também campos, interações, estruturas, espaço, tempo, ocorrências, dinâmicas. A mente é uma ocorrência, bem como os fatos psíquicos, como memória, atenção, percepção, raciocínio, emoção, consciência, auto-consciência, intuição, instinto e tudo o mais, inclusive "quale". Tais fatos advém da estrutura anatômica e da fisiologia do cérebro e anexos, incluindo órgãos sensoriais, todo o sistema nervoso e o endócrino. Qualia são as características psíquicas dos fatos fisiológicos, como a consciência mental de uma sensação, como cócegas, frio, fome, o que for. Para mim, a interpretação fisicalista disso está contida na interpretação fisicalista da consciência, que é algo ainda em construção. O fato de ainda não se ter um modelo acabado e preditivo fisico-químico-anatomo-fisiológico da consciência não autoriza, automaticamente, a se considerar que ele deva ser encontrado em alguma entidade subsidiária ao organismo, tal como a pretensa "alma". A comunidade de neurocientistas está trabalhando pesadamente no estudo disso, como mostra os recentes livros do António Damásio. Veja, também, "A mente segundo Dennett", de João de Fernandes Teixeira (Perspectiva).

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