quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Oi, professor! Segundo alguns filósofos, não é possível que existam valores morais objetivos. Até mesmo os divinos seriam subjetivos. Eles costumam fazer uma comparação entre as verdades da razão e as verdades de fato e parecem bem convincentes, não?

O que se entende por objetivo? O que existe fora das mentes? Ou que seja consensual entre várias mentes? No primeiro caso, de fato, não há moral objetiva. No segundo sim. Antes de tudo há que se distinguir moral de ética. Moral é normativa, isto é, prescritiva. Ela estabelece o que seja permitido ou proibido fazer, já que seu objeto são as ações humanas (livres, ainda por cima). Isso é objetivo, pelo segundo critério, relativamente a um grupo de pessoas de certo estrato social de uma sociedade em dada época e lugar. Mas não é individual. Não existe "moral pessoal". Ela é relativa ao contexto social. Mas não é objetiva segundo o primeiro critério. A ética, por outro lado, mesmo não sendo objetiva pelo primeiro critério, busca ser universal, isto é, aplicável a toda a humanidade, independentemente do estrato social, da época e do lugar, ou seja, da cultura. Ela busca, filosoficamente, achar o que seja certo ou errado, bom ou ruim, correto ou incorreto. Para tal estabelece "critérios de eticidade", que seriam usados para isto. Três se destacam: Que a ação possa ser erigida como norma universal, que maximize a felicidade do maior número de seres e que seja o que se queira para si mesmo. Esses critérios foram especialmente estabelecidos por Kant, Bentham, Stuart Mill, Confúcio, Krishna e outros. Seria de se esperar que a moral seguisse os critérios éticos, mas nem sempre se dá. Há preceitos morais que não são éticos e comportamentos tidos como imorais que não ferem a ética. Quanto a valores morais divinos, isso não existe. Todos foram propostos por pessoas humanas e apresentados como se fossem de origem divina. E, quase sempre, o foram com o propósito de subjugar a população a agir de conformidade com os desígnios dos detentores do poder político, militar e religioso. A respeito de verdades de razão e de fato, considero que toda verdade seja a adequação do discurso à realidade. Um discurso racional não necessariamente leva a uma conclusão verdadeira, mesmo que seja perfeitamente válido, se partir de premissas falsas. Como é o caso da prova cosmológica da existência de Deus. E o caráter veritativo de uma assertiva nem sempre pode ser conferido, por não se ter acesso indubitável à realidade, face às deficiências perceptivas do ser humano, mesmo munido de instrumentos. Então há que se ter por verdade, simplesmente, o consenso entre muitas suposições de verdade, aferidas com o máximo de cuidados para se evitar enganos de percepção.

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