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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
Professor, o que o senhor pensa da ideia aristotélica de motor imóvel?
Completamente desnecessária. Aristóteles parte da noção de ato e potência, considerando que tudo o que existe provém de algo que lhe antecede, onde já existia em potência, isto é, capacidade de se transformar. Essa noção foi inventada por ele por indução a partir do que se observa no mundo macroscópico. Ela nada mais é do que o princípio da causalidade necessária, isto é, de que todo evento seja o efeito de uma causa. Só que estendido aos seres. Ele considera que todo ser tem que provir de outro ser que lhe cause a existência. Ou então que sempre tenha existido. Isso não é verdade. É perfeitamente possível um ser passar a existir sem provir de nenhum outro que lhe provoque o surgimento. Especialmente no caso do surgimento do Universo, em que, não havendo nada que lhe preceda, não há, também, lei natural alguma que se aplique ao comportamento dos fenômenos, especialmente as de conservação. Então não há impedimento do surgimento de tudo sem ter do que provir, pois, nada havendo, não há que se ter conservação de coisa alguma. Em suma, o motor primo é desnecessário. Depois que algo já exista, aí sim, há conservação (de massa-energia, por exemplo).
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