sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Pegando carona na discussão: visão da sociedade à parte, você se engajaria num relacionamento poligâmico? (Naturalmente, com todos os envolvidos estando cientes da natureza da relação). Por vezes a poligamia me parece pouco saudável, embora [...]

[...] sem dúvidas tenha seus pontos fortes. As duas uniões (mono e poli) me parecem tocar em necessidades conflitantes do homem; a necessidade de exclusividade e a de buscar mudança, características e experiências novas com um novo alguém. [...]
[...] Deste modo, ambas terminam por não serem plenamente satisfatórias, visto que sempre haverá uma lacuna naquilo que buscamos.

Sem problema nenhum. Não só aceitaria ter mais de uma mulher como minhas mulheres terem mais de um marido. Acho que esta possibilidade (não obrigatoriedade, certamente) seria uma solução para a maior parte dos problemas de infelicidade conjugal e falta de realização amorosa. Note que esta realização amorosa é um dos mais importantes fatores para que a pessoa confira significado à própria vida, além da tranquilidade econômica e da realização profissional. O homem não tem necessidade de exclusividade. Isto não é biológico, é cultural. Da mesma forma a mulher. O ideal é que tudo isso se dê num contexto anarquista de família estendida, em que não existem residências mono-familiares e nem propriedade privada. Então todo homem seria marido de toda mulher, toda mulher mulher de todo homem, todo adulto pai de toda criança e toda criança filha de todo adulto. Isto não significa devassidão nem libertinagem, pois as pessoas se unem de uma forma compromissada, só que não exclusiva. Por compromisso eu entendo uma disposição e um desejo de querer o bem da outra, de zelar por ela, por sua felicidade, por sua segurança, um interesse genuíno nas atividades da outra, um compartilhamento de vivências, uma fruição do prazer da companhia e um deleite especialmente superlativo no intercurso sexual. Mas não uma atitude de controle e fiscalização das atividades da outra. Todo mundo precisa ter o seu mundo pessoal, seus momentos de solidão, seus interesses exclusivamente pessoais, que não precisa compartilhar com o companheiro. Isso inclui, também, outros relacionamentos amorosos, igualmente comprometidos.
Assim, não considero que o comportamento poliamoroso seja pouco saudável. Quanto ao preenchimento de todas as lacunas, isto é quase impossível de se obter, mesmo com múltiplos relacionamentos. Essas lacunas, muitas vezes, conseguem ser preenchidas com relacionamentos puramente de amizade, sem envolvimento amoroso. Quanto à busca de novidade, é preciso entender que, mesmo atualmente, o poliamorismo sequencial já existe e é admitido, desde que se tenha uma relação de cada vez. Isto também existirá em relacionamentos poliamorosos simultâneos. O que caracteriza um relacionamento sério é que, enquanto dure, ele seja sinceramente intencionado a permanecer e haja disposição para consolidá-lo, mesmo sabendo que poderá acabar. Outra coisa interessante é que, no contexto do poliamorismo, em que o ciúme não existe, a interrupção de alguma relação não acarreta a interrupção da amizade, do respeito e do carinho. Nenhum novo amor vai sentir ciúme do velho amor. E nem se precisa deixar de mencioná-lo ou viver como se ele não tivesse existido. Nem existiriam traições, porque traição não é a cessação da exclusividade, mas o fato de isto acontecer de forma escondida.

Ask me anything (pergunte-me o que quiser)

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