Sim, certamente. Era um aluno bem crica e punha os professores em apuros, pois sempre queria ir além do que estava sendo passado. E contestava mesmo. Principalmente história e geografia, pois o meu pai era professor disso e eu estudava pelos seus livros de nível superior. Além das matérias da escola eu estudava filosofia, desde uns 12 ou 13 anos, pois sempre adorei, bem como religião, além de música e pintura. Quando eu discordava do professor, nas provas, primeiro eu respondia como ele queria e depois fazia a crítica. Assim ele não podia me tirar a nota. Bom... é que eu nunca fui mesmo uma pessoa comum como todo mundo. Nem sei se eu era normal (diferenciar comum de normal é um tema controverso). Aliás, nem sei se eu "sou" normal, de tanto que minhas concepções divergem do que a maioria considera como o que seja correto. Como professor eu sempre instiguei os alunos a discordarem de mim e buscarem argumentos para me contestar. É assim que se aprende qualquer coisa: buscando argumentos para contrariá-la. E sempre deixei a turma bem ciente de que nunca se tem certeza de coisa alguma. Em suma: não venho para esclarecer e nem para simplificar, mas para confundir, a fim de provocar a reflexão e o parto da conclusão por conta própria. Assim é que eu concebo o ato de ensinar: fazer o aluno descobrir por sua conta. Sem facilitar, pois facilitar emburrece.
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