sábado, 22 de outubro de 2011

A consciência seria uma propriedade, um atributo do cérebro material ou uma entidade, uma coisa em si?

Uma propriedade. Ou melhor, uma ocorrência. A mente e todas as funções do psiquismo não são entidades em si mesmas. São ocorrências do cérebro e seus anexos, incluindo todo o sistema nervoso, endócrino e órgãos de sentidos. É um fenômeno e nem é um epifenômeno, mas uma superveniência advinda da extrema complexidade estrutural e dinâmica do cérebro. Você pode se referir à "mente" como se fosse algo em si, mas é só um modo de dizer. A mente é como uma música ou um filme. Algo que só existe enquanto está acontecendo. O substrato material em que o filme está registrado não é o filme. Ele só existe quando exibido. Assim a música. Uma gravação ou uma partitura não são a música. A música é a ocorrência de sua execução. Mas ela só consegue ser executada, ou o filme exibido, se houver um substrato material em que as informações para sua ocorrência estejam registradas e se houver um processo de se fazer essas informações se transformarem em música ou filme. O cérebro fornece as informações e os procedimentos para que a mente aconteça e, dentro dela, a consciência, a memória, as percepções, o raciocínio, as emoções, os sentimentos, os desejos, as volições, as decisões, as ações e tudo o que constitui a vida psíquica. Com a cessação do funcionamento do cérebro a mente e a consciência desaparecem completamente e não há como recuperá-las. Daí o valor inestimável da vida de cada pessoa possuidora de consciência. E também a razão porque todos devem compartilhar uns com os outros suas vivências para que isso se torne um patrimônio comum da humanidade em proveito de todo mundo. Em suma, não existe nenhuma entidade tipo "alma" que contenha o conteúdo da mente. Esse conteúdo é volátil. O Mal de Alzheimer que o diga.

Filosofia, Ciência, Arte, Cultura, Educação

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