sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Qual a diferença entre epifenômeno e superveniência?

Ambos são ocorrências que se dão em um nível mais elevado da realidade em decorrência de ocorrências havidas em níveis inferiores. O que eu chamo de nível mais elevado é aquele cuja estrutura e funcionamento são mais complexos. Diz-se que há epifenômeno quando não há modo de reduzir o fenômeno de nível superior a nenhuma combinação (mesmo não linear) de ocorrências dos níveis inferiores, isto é, há características que são geradas exclusivamente pela complexidade do nível. Na superveniência as ocorrências podem ser reduzidas a efeitos gerados por ocorrências dos níveis anteriores, mesmo que de forma não linear. Muitas vezes um fenômeno é considerado epifenômeno pelo desconhecimento dos mecanismos geradores de efeitos de ordem superior a partir dos de ordem inferiores. Isto se dá, na maioria dos casos, pela suposição da linearidade, que consiste numa combinação de adição de efeitos, mesmo que com fatores multiplicativos. As não linearidades, alem disso, envolvem também conjunção de efeitos simultâneos, potenciação de efeitos e retroalimentações. Considerando isso, pode-se dizer que toda ocorrência de nível mais elevado em um sistema decorre das ocorrências de níveis menos elevados, eliminando-se o epifenomenalismo. Outra ideia correlata é a do holismo, segundo a qual toda ocorrência em qualquer sistema é influenciada não apenas pelos níveis inferiores da estrutura de que é formado o sistema mas do restante do Universo. Isso é verdade, uma vez que não existe sistema perfeitamente isolado no Universo, de modo que todo sistema é, sempre, um subsistema do Universo em constante interação como ele. O que discordo é dizer que o holismo se oponha ao reducionismo, pois nenhum sistema complexo existe sem as partes que o compõem. Então as ocorrências do sistema superior só se dão porque há ocorrências nos níveis inferiores. O que não significa que os fatos tenham que ser interpretados como "O todo é a soma das partes". Não é apenas, mas não existe sem as partes. O que me parece é que essa discussão toda se prende mais a uma interpretação do significado das palavras "holismo", "reducionismo", "epifenomenalismo" e outras correlatas.

Filosofia, Ciência, Arte, Cultura, Educação

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