terça-feira, 18 de outubro de 2011

Professor, você é a favor da implantação do anarquismo no Brasil do jeito que está, ou acha que medidas devem ser tomadas primeiramente?

De modo nenhum. O anarquismo não pode ser estabelecido em nenhuma nação particularmente. Tem que ser no mundo todo junto. E só pode ser atingindo depois que houver um processo educativo preparatório que leva, pelo menos, vários séculos. O anarquismo não pode ser imposto. Tem que surgir espontaneamente. O dinheiro, a propriedade, o governo, as leis, a polícia, o sistema judiciário, as fronteiras nacionais, os exércitos terão que desaparecer naturalmente por absoluta falta de necessidade e não por decreto. Quando se chegar lá nem Brasil existirá mais. Para se chegar lá é preciso, antes de tudo, mudar a mentalidade das pessoas e isso é o que a educação tem que fazer. Trocar a competição pela colaboração, o egoísmo pelo altruísmo, a ganância pela generosidade, a cobiça pelo desprendimento, a preguiça pela diligência, a possessividade pela liberalidade, a indiferença pela solidariedade, a injustiça pela justiça, a corrupção pela honestidade, a intolerância pela tolerância, o preconceito pela aceitação, enfim, todo vício pela virtude, todo mal pelo bem. Só assim se poderá estabelecer a ordem perfeita sem coação, por convicção. Para se conseguir tal proeza é preciso muita luta, ao longo de muito tempo, para acabar com as desigualdades sociais e toda a pobreza do mundo. Isso é trabalho para muitas dezenas de gerações. Mas temos que começar já, para chegarmos lá em mil anos. Como? Pela lição e pelo exemplo. Trabalhando de graça de forma comunitária.Compartilhando nossos bens, estimulando o trabalho cooperativo. Fazendo tudo à revelia do governo. Aplicando todo o dinheiro recebido em benfeitorias para a comunidade, não deixando sobrar para pagar impostos nem para fazer poupança e nem investimentos. Isso tudo pode ser feito. É o comunitarismo, um dos pilares do anarquismo. Sem patrão e nem empregado. Dividindo a propriedade das empresas pelos trabalhadores e assim por diante.

Filosofia, Ciência, Arte, Cultura, Educação

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