segunda-feira, 1 de julho de 2013

vi que todos o chama de professor, então: professor, na sua opinião, acredita que, num âmbito geral, considerando a sociedade ocidental, as pessoas estão ou estarão algum dia, preparadas para abandonar crenças e susperstições, rotulando-as como barbárie?

Certamente que sim. Mas não logo. Ainda demoram algumas gerações. Isso será obtido pela educação. Mas é preciso que os educadores sejam educados a pensar assim. Como será possível? Para começar é preciso que a profissão de educador não apenas seja bem remunerada mas atrativamente remunerada, de modo que as melhores cabeças prefiram ser professor do que médico ou advogado, porque ganha mais. Então a procura pelos cursos de licenciatura será grande e se fará uma ótima seleção, como hoje se faz para medicina e direito das boas universidades. Com turmas assim, é possível se dar um curso bem puxado mesmo, que faça todo mundo se preparar profunda e abrangentemente no seu metiê. Isso inclui disciplinas de filosofia, política, antropologia, sociologia, ética, psicologia e religião (todas, de modo genérico e não alguma em particular), nas quais tudo seja muito discutido, com exigências grandes para aprovação. Ao lado da didática e do conteúdo específico da matéria objeto do curso. Como ex-coordenador do Curso de Física da UFV sempre fui favorável, mas sempre voto vencido, que a licenciatura exigisse, como pré-requisito, o bacharelado. Isto é, um licenciado seria mais do que um bacharel, com cinco anos de curso e quatro para o bacharelado. Só assim teríamos professores realmente competentes. E pessoas competentes são críticas, são reflexivas, são contestadoras. Esse tipo de pessoa é que tem que ser professor. Para mudar a mentalidade dos alunos e acabar com crenças, superstições, preconceitos, intolerâncias, dogmatismos, inclusive ideológico, tanto de direita quanto de esquerda. Tenho confiança que isso vai acontecer e esses problemas se extinguirão em menos de duzentos anos. Quanto à anarquia e a abolição de todas as religiões, isso ainda demorará mais, digamos, uns mil anos.

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