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quinta-feira, 5 de junho de 2014
Professor, não consigo imaginar como uma coisa possa não ter causa, quando o Sr responde sobre o big bang geralmente o vejo afirmando que há coisas que não precisam de algo anterior paracontecerem. Poderia exemplificar exemplos desse tipo?
Para que um evento aconteça é preciso que o sistema em que ele ocorrerá se situe em uma condição que possibilite que ele se dê. Uma vez isso posto, a ocorrência pode se dar espontaneamente ou provocada por uma interação que tal sistema sofra por parte de outro. Essa interação, quado existe, se chama a "causa" do evento ocorrido, que então é dito "efeito" dessa causa. Muitos eventos são efeitos de causas, especialmente os eventos globais que ocorrem com sistemas compostos de número muito grande de elementos, sendo o evento global ou macroscópico a ocorrência conjunta de um imenso número de eventos elementares, havidos com cada um de seus componentes. Por exemplo, a emissão de luz por um filamento de lâmpada é um evento macroscópico resultante do decaimento de um número imenso (10^18 = 1.000.000.000.000.000.000 = um quintilhão) de átomos excitados nele presentes. Os átomos ficam excitados porque se agitam com a passagem da corrente elétrica por ele. Pode-se dizer, então, que a corrente elétrica é a causa da iluminação do filamento. Todavia, para cada átomo individual, a excitação não é a causa, mas a condição para seu decaimento, com emissão de fóton. O decaimento é fortuito, podendo se dar a qualquer tempo após a excitação, ou nunca. Nada provoca o decaimento, mas ele só acontece se o átomo estiver excitado. O que permite é a condição, o que determina é a causa. Então o decaimento é incausado. Mas, estatisticamente, sempre haverá átomos que estejam decaindo, portanto o filamento, certamente, emitirá luz. Todavia, rigorosamente falando, é possível que a corrente atravesse o filamento, excite os átomos e nenhum decaia, portanto ele não se acenda. A relação causal, em nível macroscópico, é, pois, uma relação estatística. Pode haver causalidade microscópica também, o que acontece, por exemplo, com o laser (light amplification by stimulated emmission of radiation), em que a emissão de fótons não é fortuita, mas estimulada. Daí a sua coerência de fase e colimação. Outros eventos incausados comuns são a desintegração radioativa e a formação de pares de partícula e antipartícula por flutuação do campo do vácuo. Note que a concepção de evento incausado só apareceu a partir de quando a Física pode examinar o comportamento da matéria, dos campos e da radiação em nível subatômico. Até então se considerava que todo evento seria um efeito, porque era o que se observava, em nível macroscópico. Mas essa conclusão é um raciocínio indutivo e, portanto, não tem garantia de validade perene, sendo derrubado pela existência de um único contra-exemplo. Atualmente se vê que os contra-exemplos, inclusive, são mais numerosos do que os exemplos.
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