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quinta-feira, 14 de agosto de 2014
Comer carne não é antiético porque faz parte de nossos instintos naturais de sobrevivência. Concorda?
Discordo. A ética não se refere aos instintos mas ao comportamento e às ações humanas balizadas pela civilização. E a civilização surgiu, exatamente, para controlar os instintos e possibilitar a convivência harmônica, fraterna, pacífica e aprazível das pessoas em sociedade, para benefício geral e, portanto, de cada um. Então, muito comportamento instintivo passou a ser tido como errado por ser contrário à paz social, à harmonia, à fraternidade, ao convívio aprazível. Isso aconteceu em relação à tomada de bens alheios, que instintivamente os animais o fazem sem problema, à morte dos outros e a vários comportamentos. À medida que se vai tomando consciência social e pessoal de tudo, que se vai filosofando a respeito, começam a se fazer nítidos os limites do que seja certo ou errado, bom ou mau, lícito ou ilícito, benéfico ou danoso, bem como o tipo de qualificação de ações de que trata a ética. A princípio essas considerações se referiam apenas ao grupo tribal ou à clã a que se pertencia, depois ao povo daquela etnia, depois à nação, chegando, até, à humanidade toda. Uma elevação maior ainda dessas considerações, forçosamente leva a abranger não apenas a humanidade, mas também o conjunto de seres sencientes, pelo regra de ouro de não se fazer a outrem o que não se deseja que se faça a si. Isso conduz, fatalmente, a se considerar não ético matar outros seres sencientes, mesmo não humanos, exceto em legítima defesa (o que inclui a possibilidade de matar ratos e baratas que estejam ameaçando a nossa saúde).
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