terça-feira, 23 de setembro de 2014

Mário Sérgio Cortella fala que "moral é a prática da "ética, "a minha moral vai dizer se sou ou não ético". Se isso é verdade, existe diferença entre uma atitude anti-ética e uma atitude imoral? Ou uma está contida na outra? Não consigo entender claramente. Gostaria de ler a sua opinião

Não concordo com ele. Não existe "minha moral". Moral é uma disciplina normativa. É um corpo de prescrições, permissões e proibições que dizem o que se deve, o que se pode e o que não se pode fazer. É uma convenção social, de dado grupamento humano, pertencente a dado estrato social em dado lugar e dada época. Não é individual. Seguir a moral é agir em conformidade com essas prescrições, permissões e proibições. A ética é a disciplina filosófica que pretende suprir a moral de um embasamento para apresentar suas proibições, permissões e prescrições. A ética busca definir o que seja certo e o que seja errado, o que seja bom e o que seja mal. A moral deveria seguir a ética, mas nem sempre o faz. Há prescrições morais que ferem a ética e a proibições morais que não ferem a ética. A razão é que a moral, geralmente, é construída para atender os interesses dos grupos dominantes, que se valem de recursos coercitivos, como as religiões, para impor o que querem que a população faça ou deixe de fazer. Daí o valor da ética em discutir a moral e mudá-la, quando ver que não é adequada ao prevalecimento do bem. A moral é necessária, mas uma moral que não seja ética é perniciosa. Por exemplo, em alguns países árabes é moral apedrejar uma adúltera. Entre algumas tribos indígenas, é moral enterrar recém-nascidos vivos que nasçam aleijados. Por outro lado, em nossa sociedade a poligamia é imoral, mesmo que os envolvidos estejam de acordo, o que não causaria prejuízo para ninguém.

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