quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Na cosmovisão ateísta, toda a natureza pode ser resumida em um acidente do acaso. Não há um propósito pelo qual estamos aqui, não há vida após a morte, não há julgamentos e tampouco existe um padrão moral que transcende espaço, tempo e cultura. Tudo o que há é uma grande e cruel indiferença?

Não. De fato nossa existência é fortuita e sem propósito e não há vida após a morte (senão não seria morte). Todavia há padrões éticos de conduta sim. Não padrões morais transcendentais, claro, pois não há o que seja transcendental. A moral, realmente, é relativa à cultura, à época, ao lugar, ao estrato social e a outros fatores. Mas a ética não. E a moral deve se pautar pela ética. Se não o faz, o importante é a ética e não a moral. Apesar de ser a moral que prescreve punições e premiações, pois é ela que diz o que o grupo social permite, proíbe e determina que se faça. A ética, por outro lado, estabelece o que seja certo e o que seja errado, filosoficamente, em termos do bem e do mal que se possa produzir. A ética é um construto humano e o ser humano possui um padrão ético genético nato, que a educação tem que aprimorar e a sociedade colocar como prescrições morais, para que se possa viver em harmonia em um mundo pacífico, aprazível, benéfico, justo, próspero. Isso não tem nada de transcendental. Portanto o que existe não é nada de grande e cruel indiferença e sim grande e benevolente interesse das pessoas em promover o bem e coibir o mal, em benefício delas mesmas.

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